Esta é a escolha do Bancada para os 7 melhores treinadores da história do Benfica. Sete técnicos que marcaram a gloriosa história das águias e deixaram um impacto profundo na identidade do clube.
Porém, este é um exercício que não procura consensos. A ordem de exposição é aleatória.
Eis os 7 melhores treinadores do Benfica de sempre
- Béla Guttmann
- Jimmy Hagan
- Jorge Jesus
- Sven-Göran Eriksson
- Otto Glória
- Fernando Santos
- Rui Vitória
Béla Guttmann
A chegada do húngaro Béla Guttmann ao Benfica em 1959 marcou o início da era mais gloriosa do clube. Em apenas três anos, este visionário revolucionou não apenas o futebol português, mas deixou um legado que ecoa até hoje no Seixal.
Guttmann implementou seu famoso 4x2x4, um sistema tático inovador que combinava disciplina defensiva com um futebol ofensivo e vertiginoso. Foi sob o seu comando que Eusébio surgiu como fenómeno mundial, mas o treinador soube equilibrar estrelas com coletivo, criando uma máquina de vencer.
O seu maior feito foram as duas Ligas dos Campeões consecutivas (1961 e 1962), derrotando gigantes como Barcelona e Real Madrid. Estas conquistas colocaram Portugal no mapa do futebol mundial e estabeleceram o Benfica como potência europeia.
Além dos títulos continentais, Guttmann venceu 2 campeonatos nacionais e formou jogadores icónicos como Coluna e Águas. A sua exigência extrema em treinos (foi pioneiro na preparação física metódica) elevou os padrões do clube.
O ‘mito dos 100 anos sem título europeu’, supostamente lançado por ele ao deixar o Benfica em 1962, tornou-se parte do ADN do clube. Mais do que um treinador, Guttmann foi um transformador – provou que um clube ibérico podia dominar a Europa, inspirando gerações de técnicos portugueses.
Jimmy Hagan
Quando Jimmy Hagan chegou ao Benfica em 1971, encontrou um clube em crise – sem vencer o campeonato há oito anos. Em apenas duas temporadas, o inglês não só devolveu as águias ao topo como reacendeu a chama da grandeza com uma equipa lendária.
Hagan trouxe rigor tático e inovação ao futebol português. Seu 4x3x3 equilibrado transformou Eusébio (entra na fase final da carreira) num maestro, enquanto revelava jovens como Rui Jordão e Toni.
A temporada 1972/73 ficou para a história: o Benfica esmagou a concorrência, conquistando o campeonato com um futebol poderoso no ataque e sólido na defesa.
Além do título nacional que quebrou o jejum, Hagan modernizou os métodos de treino, introduzindo análise de adversários, e formou uma das melhores linhas ofensivas da história do clube, com Eusébio, Jordão e Nené. Além disso, preparou o terreno para o regresso do Benfica à elite europeia.
A sua saída prematura em 1974 (após a Revolução) interrompeu um projeto promissor. Mas o seu legado permanece: provou que, mesmo em tempos difíceis, o Benfica podia renascer através de organização e trabalho metódico. Hagan não foi apenas um treinador – foi o arquiteto de uma nova era gloriosa.
Jorge Jesus
Entre 2009 e 2015, Jorge Jesus moldou o Benfica mais dominador do século XXI, transformando o clube numa máquina de títulos e espetáculo. Com seu futebol ofensivo e intenso, escreveu uma era dourada que os benfiquistas recordam com saudade.
Jesus implementou um 4x2x3x1 dinâmico, revolucionando o campeonato português. O seu estilo baseado em posse de bola, transições rápidas e pressing alto produziu um futebol vibrante. Foi sob o seu comando que jogadores como Di María, Ramires, Gaitán e Lima atingiram o auge, formando um dos melhores coletivos da história das águias.
O seu palmarés fala por si: 3 campeonatos, 5 Taças da Liga (recorde absoluto) e 1 Taça de Portugal. Para mais, o técnico guiou o Benfica às finais da Liga Europa de 2013 e e 2014.
Além dos títulos, Jesus devolveu a hegemonia ao Benfica após anos de seca, estabeleceu novos padrões de jogo em Portugal e criou uma identidade ofensiva que marcou uma era.
A sua segunda passagem pelo clube, embora menos vitoriosa, confirmou o seu lugar no panteão benfiquista. Jorge Jesus não foi apenas um treinador – foi um fenómeno cultural que redefiniu o que significa ser Benfica no futebol moderno.
Sven-Göran Eriksson
Quando Sven-Göran Eriksson chegou ao Benfica em 1982, poucos imaginavam que o discreto sueco se tornaria um dos treinadores mais marcantes da história do clube. Num período em que o futebol português ainda vivia fechado ao mundo, Eriksson trouxe uma abordagem moderna e sofisticada que revolucionou o campeonato nacional.
O seu estilo de jogo, baseado num 4x4x2 fluido com ênfase na posse de bola e movimentos técnicos, transformou o Benfica numa equipa simultaneamente sólida e espetacular. Comandou uma geração dourada onde brilharam nomes como Chalana (o Pequeno Génio), o goleador Sheu e o cerebral Diamantino, criando um futebol que aliava eficácia a beleza plástica.
Em duas passagens pelo clube (1982-1984 e 1984-1987), Eriksson conquistou três campeonatos nacionais, uma Taça de Portugal e uma Supertaça, estabelecendo uma era de domínio no futebol português. Mas o seu maior legado foi ter devolvido ao Benfica o estatuto de potência europeia, levando a equipa a competir de igual para igual com os melhores do continente.
A sua partida para a Roma em 1987 foi sentida como uma perda irreparável. Eriksson não só elevou o nível técnico das águias, como provou que um treinador estrangeiro podia entender e glorificar a alma do clube como poucos portugueses conseguiram. Três décadas depois, o seu nome permanece sinónimo de uma época dourada onde o Benfica jogava – e ganhava – com classe inconfundível.
Otto Glória
Quando o brasileiro Otto Glória chegou ao Benfica em 1964, trouxe consigo não apenas um sotaque peculiar, mas uma visão de futebol que iria marcar uma das eras mais vitoriosas das águias. Num período em que o fantasma de Guttmann ainda pairava sobre a Luz, o carismático treinador soube criar a sua própria lenda, combinando o rigor tático europeu com o espírito ofensivo sul-americano.
Glória implementou um futebol vibrante, normalmente organizado num audacioso 4x2x4 que fazia jus à herança de Guttmann, mas com a sua marca pessoal: maior liberdade criativa para os médios e extremos. Portanto, foi sob o seu comando que Eusébio atingiu o auge absoluto, transformando-se não apenas num goleador implacável, mas num jogador completo.
Nas suas duas passagens pelo clube (1964-65 e 1968-70), Glória conquistou dois campeonatos nacionais e uma Taça de Portugal, mas o seu verdadeiro legado foi ter mantido o Benfica no topo do futebol europeu durante os anos 60. As suas equipas eram temidas tanto pela solidez defensiva (com Germano como sentinela) quanto pelo poderio ofensivo (com José Torres e Eusébio a aterrorizar defesas).
Mais do que um treinador, Glória foi um pontes entre culturas – trouxe para Portugal conceitos inovadores de preparação física e análise de jogo, enquanto adaptava o seu estilo ao caráter único do futebol português. A sua capacidade de gerar grandes talentos sem sacrificar o coletivo permanece como lição atemporal para o Benfica e para o futebol moderno.
Fernando Santos
Em 2006, quando Fernando Santos assumiu o comando técnico do Benfica, o clube atravessava uma das suas piores crises institucionais – sem títulos há dois anos e com uma identidade de jogo perdida após a passagem tumultuada de Trapattoni.
Num momento em que o rival FC Porto dominava o futebol português, o pragmático treinador fez o que sabia melhor: estruturar.
Fernando Santos imprimiu ao Benfica um 4x2x3x1 de transições rápidas e solidez defensiva, devolvendo ao plantel uma estrutura que há muito faltava. Foi sob a sua orientação que jovens como David Luiz e Fábio Coentrão começaram a emergir, enquanto veteranos como Petit e Karagounis recuperaram o melhor do seu futebol.
Apesar dos recursos limitados, o técnico conseguiu o vice-campeonato na temporada 2006/07, naquela que foi a melhor classificação do clube em três anos, e levou as águias aos quartos de final da Taça UEFA.
Num período muito complicado para o clube, Fernando Santos devolveu ao Benfica dignidade competitiva através de trabalho metódico e gestão psicológica. Como reconheceria, anos depois, o então presidente Luís Filipe Vieira: “Foi o médico de choque que o Benfica precisava naquela fase crítica”.
Rui Vitória
Quando Rui Vitória chegou ao Benfica em 2015, herdou uma equipa campeã europeia de juniores, mas com a pressão de manter o domínio nacional após a saída de Jorge Jesus. O discreto técnico que veio do modesto Vitória SC surpreendeu ao tornar-se no arquiteto de uma das eras mais consistentes do clube no século XXI.
Vitória implementou um 4x4x2 versátil que alternava entre contenção e ataque rápido, aproveitando ao máximo o génio de Jonas, transformando o brasileiro no jogador mais decisivo do campeonato. Sob o seu comando, o Benfica conquistou dois títulos consecutivos (2015/16 e 2016/17) e atingiu o histórico tetracampeonato (entre 2013-2017), além de uma Taça de Portugal e uma Supertaça.
Num período de transição geracional, soube gerir como ninguém o balneário, integrando jovens como Renato Sanches (que explodiu para o mundo sob a sua orientação) e mantendo a competitividade na Europa. A sua equipa de 2016/17, com Mitroglou, Pizzi e Ederson, ficou marcada pela eficácia e espírito colectivo.
Apesar da saída abrupta em 2019, Vitória provou que a continuidade pode ser tão valiosa quanto a revolução. Como declarou o então presidente Luís Filipe Vieira, Rui Vitória “manteve a chama acesa quando muitos duvidavam”. Mais do que títulos, o técnico deixou a lição de que o Benfica podia vencer sem estrelatos, mas com trabalho e união.
O oitavo melhor treinador de sempre é a escolha do leitor
E assim está feita a escolha dos 7 melhores treinadores de sempre do Benfica, mas abrimos espaço para o oitavo melhor técnico. Quem colocaria nesta lista?
Neste exercício de eleger o melhor treinador do Benfica de sempre há aquele nome que fica na prateleira do esquecimento, ou de fora por falha na análise.
Então, quem colocaria o leitor nesta lista? Envie a sua sugestão por email. E não deixe de verificar quem foram os 7 melhores treinadores do FC Porto de sempre e também os 7 melhores treinadores do Sporting de sempre.