Grande Futebol
Kevin De Bruyne: o belga da simplicidade que encantou Guardiola
2018-04-23 16:00:00
"Peço desculpa, mas não houve melhor jogador do que ele", afirmou o treinador do Manchester City

Jogador, empresário, poliglota. É belga, mas também poderia alinhar pelo... Burundi. É assim o homem pelo qual Pep Guardiola se "apaixonou". A magia do futebol de Kevin De Bruyne contagiou o treinador catalão que, pediu este domingo desculpa a todos, elegendo o médio internacional belga, de 26 anos, como "o melhor jogador" da Premier League. O espanhol até costuma ser parco em palavras quando lhe toca falar de aspetos individuais, mas a admiração pelo camisola 17 é tanta que não teve problemas em colocá-lo num patamar de excelência. "É um dos melhores que já vi na vida."

Kevin De Bruyne, diz quem o conhece, cativa pela simplicidade. Dentro e fora dos relvados. Não admira, pois que quando questionado certa vez sobre o que lhe dava mais prazer, tenha respondido: "Prefiro fazer uma assistência para golo." E foi precisamente esta simplicidade o principal factor de encantamento de Guardiola, que não tem dúvidas relativamente ao melhor jogador da temporada, numa fase em que Mohamed Salah encanta meio mundo. "Não houve melhor jogador do que Kevin De Bruyne durante os nove ou dez meses da temporada. Em termos de continuidade, de jogar de três em três dias nas mais variadas competições... Peço desculpa aos homens dos números, até pode haver jogadores com marcas melhores, mas ele foi o melhor jogador da equipa que foi campeã a cinco jornadas do fim."

O rosto mais visível da talentosa nova geração da Bélgica nasceu em Drongen, cidade localizada na província Flandres Oriental. Mas embora tenha nacionalidade belga, poderia jogar pela seleção do... Burundi, país da África subsaariana colonizado pela Bélgica onde a sua mãe nasceu. Poliglota (fala com fluência quatro línguas: holandês, francês, inglês e alemão), De Bruyne foi contratado pelo Chelsea em 2012, mas foi emprestado ao clube de origem, o Genk, e na época seguinte, ao Werder Bremen. Retornou a Stamford Bridge, mas não conseguiu impor-se numa época em que os "blues" tinham como treinador José Mourinho, com o qual entrou em conflito, conforme testemunhou na altura. "Ele chamou os jogadores e mostrou-nos algumas estatísticas. Assistências, passes importantes, dribles. Queria provar que eu não estava no nível dos demais. E eu simplesmente respondi: 'Desculpe, isso não tem sentido, pois tenho jogado menos do que os outros. Como é que me pode comparar a eles?'. Na minha visão, isso não foi justo."

Foi, então, que De Bruyne fez as malas rumo à Alemanha no sentido de representar o VfL Wolfsburgo. Transformou-se no grande destaque da equipa germânica, sendo eleito o melhor jogador do campeonato na temporada 2014/2015, na qual apontou 16 golos e o Wolfsburgo foi vice-campeão da Bundesliga e vencedor da Taça da Alemanha. Motivos mais do que suficientes para regressar a Inglaterra, desta feita para representar o Manchester City.

De Bruyne não conseguiu encantar nem tão pouco convencer José Mourinho, mas não demorou a cair nas graças de Guardiola, tornando-se no motor do poderoso meio de campo dos "citizens". "É um dos melhores com quem já trabalhei. Quando falamos do Messi, ele está numa mesa só dele. Não é permitido mais ninguém nela. Mas na mesa ao lado, o Kevin pode-se sentar. Em todas as jogadas, toma sempre a decisão certa. Às vezes, é preciso passar, às vezes é preciso tocar de primeira, controlar, conduzir, e em todas as vezes ele toma a decisão correta. Esse é o motivo pelo qual eu me sinto um sortudo por tê-lo", explica Guardiola.

É, assim, esta a forma que De Bruyne encontrou para justificar os 75 milhões de euros gastos pelos "citizens" na sua contratação em Agosto de 2015, altura em que se tornou, de uma assentada, não só a contratação mais cara da história do Manchester City, mas também a mais dispendiosa do futebol belga.

Com visão dentro das quatro linhas, De Bruyne não para fora delas, denotando vontade de ajudar em causas nobres. Desde 2015 que é dono de uma marca própria de roupas. Em parceria com a empresa Cult Eleven, o belga criou a linha KDB, as iniciais de seu nome. Parte do lucro com a venda de camisolas é destinado aos "Specials Olympics", organização que ajuda pessoas com deficiência através do desporto.