Italianos e espanhóis colocam frente a frente dois dos plantéis mais valiosos de sempre
Juventus – Real Madrid é, pelos tempos que correm, um dos clássicos do futebol europeu. Quando hoje à noite (19h45) italianos e espanhóis definirem o campeão europeu de 2016/17, este será o 19º encontro disputado entre ambos os clubes, uma rivalidade a nível continental apenas superada pelos 24 duelos que o Real Madrid já encetou perante o Bayern Munich.
Vecchia Signora e Merengues irão hoje definir o vencedor de uma prova verdadeiramente milionária. Dois que clubes que dão significado literal ao cognome da principal competição de clubes da UEFA. E se é certo que o dinheiro não traz sucesso imediato, certamente ajudará. Em teoria, afinal, jogadores mais caros deveriam significar jogadores mais talentosos.
E, se esta teoria não deve ser vista como dogmática – até Johann Cruyff disse um dia: “Porque não conseguiríamos vencer um clube mais rico? Nunca vi um saco de dinheiro marcar um golo” -, a verdade é que os plantéis de Real Madrid e Juventus que, hoje, entrarão em campo no National Stadium of Wales em Cardiff, representam por si só a final da Liga dos Campeões mais valiosa de sempre. Estes são dois plantéis que, para a sua construção, foram gastos mais de mil milhões de euros.
As antigas duas transferências mais caras de sempre e o banco mais valioso do futebol
Faz parte da filosofia e identidade do clube de Madrid. Desde os inícios do futebol como ele é hoje realmente conhecido, dos tempos em que o clube se estabeleceu como o maior do jogo, sempre o Real Madrid teve na sua forma de operar a necessidade de juntar os maiores craques mundiais no mesmo plantel. Algo que permitiu ao clube de Madrid juntar Di Stefano, Puskas, Kopa, Santamaría ou Rogelio Domínguez durante os anos 50, por exemplo. E, já mais recentemente, os conhecidos galáticos (Ronaldo, Figo, Beckham, Zidane ou Makelele).
Os dias que correm não são excepção e até à contratação de Paul Pogba, no passado verão, por parte do Manchester United, o Real Madrid dominava o top das transferências mais caras de sempre. As duas transferências mais caras de sempre, até ao verão de 2016, pertenciam ao Real Madrid quando Cristiano Ronaldo (2009) e Gareth Bale (2013), trocaram Inglaterra pela capital espanhola.
Além de tudo isto, o Real Madrid não se contenta apenas em integrar no seu onze inicial jogadores protagonistas de transferências estratosféricas. O clube espanhol, nos últimos tempos, elevou a fasquia e tem, neste momento, ao seu dispor, o banco de suplentes mais impressionante e mais caro de sempre. Algo que, diga-se, permitiu que Zinedine Zidane rodasse o plantel nos últimos encontros da temporada e, sem perder competitividade, alcançasse o título de campeão espanhol e chegasse à final da Liga dos Campeões em Cardiff.
Hoje à noite é previsível que nomes como Casilla (€6M), Nacho (€0), Kovacic (€29M), James (€80M), Bale (€101M), Asensio (€3,9M) e Morata (€30M) estejam sentados no banco do Real Madrid, deixando ainda Danilo (€31,5M) e Lucas Vasquez (€1M) fora da lista final de jogo. Ou seja, uns impressionantes €250M deverão ser opção para Zinedine Zidane a partir do banco, ficando mais de 30M€ de fora das opções. E, diga-se, só Danilo, custou mais sozinho que o famoso trio defensivo da Juventus: Barzagli, Bonucci e Chiellini (€31,5M vs €23,6M).
O modelo misto de Agnelli
Depois de vários anos a reconstruir a Vecchia Signora com base em negócios de gestão impecável e em modo “low cost”, o sucesso da Juventus permitiu que, nas temporadas mais recentes, o multi campeão italiano alcançasse um patamar financeiro que lhes permitiu também enveredar no mundo das contratações estratosféricas. Algo que permitiu, nos últimos anos, à Juventus, equilibrar as contas do valor gasto na construção do seu plantel em comparação, por exemplo, com o Real Madrid e algo que redunda, hoje, na final da Liga dos Campeões mais valiosa de sempre.
Se nomes como Chiellini, Barzagli, Bonucci ou Lichsteiner chegaram a Turim por valores que, hoje, se revelam verdadeiros achados, melhor para a Juventus só mesmo a chegada a Turim de nomes como Dani Alves ou Khedira sem que as suas contratações obrigassem a qualquer transação com o antigo clube dos atletas. Fora, claro está, a ascensão de Claudio Marchisio pelos escalões jovens da Vecchia Signora até ao plantel principal.
Esta capacidade da Juventus em construir uma base forte repleta de nomes chegados a baixo custo e sem a necessidade de contratar um guarda redes de nível mundial há 16 anos, permitiu à Vecchia Signora, nos últimos anos, abrir os cordões à bolsa e rechear o seu plantel de jogadores resultantes de transferências milionárias. A Turim acabariam por chegar nomes como Alex Sandro, Cuadrado, Mandzukic, Dybala e, acima de tudo, Gonzalo Higuaín por valores estratosféricos, apresentando assim, em 2017, um plantel construído de forma mista.
Fonte: Goal.com