Grande Futebol
João Alves crê que um PSG “num dia bom” pode vencer final com o Bayern
2020-08-22 13:00:00
Final da Champions realiza-se na Luz neste domingo

O treinador João Alves acredita que o Paris Saint-Germain (PSG), equipa que representou como jogador, pode vencer a Liga dos Campeões de futebol se estiver "num dia bom" na final de domingo, perante o "favorito" Bayern de Munique.

Os franceses vão disputar a final da principal competição europeia de clubes pela primeira vez, no Estádio da Luz, em Lisboa, às 20:00, e o antigo médio, hoje com 67 anos, antevê um "espetáculo deslumbrante" entre duas equipas ofensivas, com favoritismo alemão devido à história - o Bayern já foi campeão europeu por cinco vezes (1974, 1975, 1976, 2001 e 2013).

"São duas equipas que criam muitas situações de golo. E o Paris Saint-Germain tem possibilidades, num dia bom, de poder ganhar esta final ao Bayern de Munique, embora sabendo de antemão, até pelo passado histórico dos dois clubes, que o Bayern é o grande favorito para a final", afirma, à Lusa.

Futebolista dos parisienses na época 1979/80, João Alves avisa que a turma bávara, octocampeã da Alemanha, é uma "máquina montada há muitos anos", com a "maior parte dos jogadores habituados a jogar juntos", mas defende que os "grandes talentos" podem valer ao PSG um triunfo inédito na Liga dos Campeões, capaz de 'cimentar' a sua posição no futebol mundial.

"Prevejo um jogo muito equilibrado, um grande jogo de futebol, onde há grandes talentos de um lado e de outro. Ao Paris Saint-Germain faltava aparecer numa final europeia. Aí estão eles. É um clube que tem todas as condições para ser dos maiores do mundo", reitera.

O antigo jogador de Benfica e Boavista admite que o PSG de hoje, vencedor de sete das últimas oito edições da I Liga francesa, está a aparecer devido às "alterações em termos económicos" que viveu - em 2011, passou a ser propriedade da Qatar Sports Investments, entidade financiada pelo estado do Qatar - e recorda que a equipa de há 40 anos era diferente.

Contratado ao Benfica no verão de 1979, por "46 mil contos" (aproximadamente 230 mil euros, sem ajuste pela inflação), o médio conhecido como 'luvas pretas' encontrou, em Paris, um clube com nove anos de 'vida', composto por jogadores internacionais pelas seleções, como Luis Fernández, campeão europeu pela França, em 1984, o argelino Mustapha Dahleb e o brasileiro Abel Braga, treinador na I Liga portuguesa nas décadas de 80 e de 90.

"O Paris Saint-Germain quis afirmar-se desde cedo como a grande equipa de futebol de França. Daí ter adquirido jogadores de craveira internacional, que passaram pelas seleções dos seus países", explica o antigo internacional português, em 35 ocasiões.

A aventura parisiense, para a qual João Alves partiu "carregado de esperanças", começou bem, com um empate no terreno do Lyon (1-1) e uma vitória sobre o Marselha (2-1), num jogo com uma "enchente" de público no Parque dos Príncipes, em Paris, mas a lesão grave contraída frente ao Sochaux (derrota por 1-0), em 10 de agosto de 1980, comprometeu a época.

"Ao terceiro jogo, em Sochaux, um internacional francês, o Bernard Genghini, fez-me um 'tackle' quando ia a entrar na área e partiu-me a perna. Portanto, fui operado duas vezes no espaço de uma semana", recorda.

O 'luvas pretas' só voltou ao relvado em janeiro de 1980, totalizando 19 jogos pelo PSG, sétimo classificado de um campeonato vencido pelo Nantes, mas sem "corresponder àquilo que se esperava em termos físicos", razão pela qual, no verão de 1980, voltou ao Benfica, clube que representou por mais temporadas.

João Alves frisa, porém, que "adorou viver em Paris", uma "capital europeia fabulosa", onde deixou "muitos amigos" e que continua a visitar para "confraternizações" com pessoas que também se encontravam no PSG, na época 1979/80.

"Cheguei a receber um convite para a festa que ia comemorar os 50 anos do Paris Saint-Germain", revela, acerca do clube fundado em 12 de agosto de 1970, que se pode tornar no segundo de França a vencer a maior prova europeia de clubes, após o Marselha, em 1993.