Grande Futebol
Itália em crise joga futuro envolta nas críticas de Chiellini
2017-11-10 11:00:00
Transalpinos defrontam esta sexta-feira a Suécia na primeira mão do "play-off" de acesso ao Mundial

É uma Itália em crise de resultados e de identidade aquela que esta sexta-feira vai defrontar a Suécia na Friends Arena, em Solna, na primeira mão do "play-off" de acesso ao Mundial. Uma Itália envolta nas críticas de Giorgio Chiellini, o influente defesa-central da Juventus que, sustentado no que apelidou de "Guardiolismo", colocou o dedo numa ferida já aberta. "Já não há defesas italianos que intimidam os rivais, está a perder-se a nossa tradição", afirmou o internacional italiano, sustentando: "O 'Guardiolismo' arruinou toda uma geração de defensores. Para voltar à elite do futebol mundial, a Itália precisa de novos defensores a sério."

Chiellini sublinhou que, até por uma questão de tradição, o Itália nunca terá o tiki-taka da Espanha, mas sempre teve outros argumentos. "Agora todos os defesas sabem como organizar-se, mas não sabem como marcar um avançado. Quando era mais jovem, treinava para ‘sentir o homem’, marcando bem na área. Agora isso não existe, deixam os avançados livres. É uma pena que se perda a essência de uma escola porque apesar de precisarmos de talentos, devíamos manter algumas coisas. Nunca poderemos fazer o tiki-taka de Espanha, isso não faz parte do nosso ADN”, salientou.

Finalista vencido do Europeu, em 2012, Chiellini disputará esta sexta-feira o primeiro encontro do "play-off" de qualificação da zona europeia na Suécia, tendo em vista a terceira participação num Mundial, prova onde ficou, em 2014, com lugar na história por razões bem diferentes após a mordidela de Suárez no "duelo" com o Uruguai.

O experiente defesa da Juventus é uma das figuras mais respeitadas no futebol transalpino e tem lugar garantindo num onze que foi subjugado para segundo plano devido à excelente campanha da Espanha, que terminou o grupo destacado na liderança depois da expressiva vitória de 3-0 sobre os italianos. Agora, não resta aos transalpinos outra alternativa que não passe por eliminar a Suécia. A tensão é muito e De Rossi até fala em medo. "Somos fortes, talvez melhores que a Suécia, mas há o sentimento de medo e de que temos que ter um bom desempenho. Se o Campeonto do Mundo é importante para mim, que já joguei em três, imagine para aqueles que nunca disputaram uma."

Com melhor ou pior qualidade dos defesas, a verdade é que a Itália, quatro vezes campeã mundial, não tem margem de erro diante dos suecos, que ficaram fora do Mundial de 2014 ao serem afastados no "play-off" por… Portugal, em exibição mágica de Cristiano Ronaldo.

O principal problema para o técnico Gianpiero Ventura, em termos de opções, passa pelas dúvidas relativamente à utilização de Zaza, que recuperou a alegria de jogar em Valência. O ponta de lança sente dores no joelho esquerdo e a sua inclusão não é um dado adquirido, pelo que neste contexto, será o brasileiro naturalizado italiano Éder a avançar para o onze.

A Suécia, que sobreviveu num grupo complicado onde pontificou a França, tem no lado direito da defesa o grande dilema. O técnico, Jan Andersson, não terá Lustig ao seu dispor, mas confia na solidez defensiva da sua seleção para superar a Itália, até porque os números da fase de grupos acentuam o acerto do último reduto, com apenas nove golos sofridos, ao passo que em tremos atacantes, os suecos fizeram 26 remates certeiros. "É importante manter a defesa coesa. A partir disso, precisamos de ter força para atacar."

O confronto direto entre as duas seleções é favorável aos italianos, que em 23 jogos, venceram 11, contra seis vitórias dos suecos. Seis jogos redundaram, assim, em empate. Depois da estrondosa derrota com a Espanha, a equipa de Gianpero Ventura não conseguiu fazer mais do que um golo por jogo frente a adversários modestos. Empatou a um golo com a Macedónia em casa a uma bola e venceu Israel e Albânia pelo mesmo resultado (1-0). Já a Suécia vem de uma perturbante derrota com a Holanda (2-0), depois de duas goleadas: 8-0 ao Luxemburgo e 4-0 na Bielorrússia.