Homens de Fernando Santos não convenceram a generalidade da imprensa internacional no seu jogo frente ao México
Portugal e México deram ontem início à sua prestação na Taça das Confederações, ao dividir os pontos após um dramático empate a dois golos. Na Arena Kazan, um golo de Héctor Moreno já em período de compensação, resgatou um ponto ao conjunto mexicano quando Cedric parecia ter dado a vitória a Portugal minutos antes. A imprensa mexicana, por exemplo, não ficou convencida com as prestações dos seus Carlos Salcedo (segundo o jornal Récord “o calcanhar de Aquiles” da seleção mexicana) e Miguel Layún (que segundo o mesmo desportivo acumulou erros defensivos e péssimos cruzamentos e marcações de bolas paradas) mas como viu a imprensa internacional a exibição de Portugal?
O desportivo mexicano Récord, analisa a prestação de Portugal ao considerar que os momentos iniciais da seleção portuguesa foram os de uma equipa que não parecia ter vontade de vencer e que nos primeiros quinze minutos do jogo Portugal foi dominado pelo México. O Récord admite, ainda assim, que Portugal terminou a primeira parte por cima do jogo, conseguindo manter a posse de bola e criando perigo em mais do que uma oportunidade. Na segunda metade da partida, o Récord dá conta do “evidente” desespero de Portugal por não conseguir manter a posse de bola.
Também o portal Mediotiempo, refere um Portugal defensivo nos primeiros minutos da partida e que só um erro de Carlos Salcedo colocou a equipa de Fernando Santos na partida. Já o canal de televisão Televisa é bem mais elogioso. Na sua crónica de jogo, destaca a objetividade do conjunto português, admitindo que Portugal chegava à área mexicana de forma mais simples, objetiva e com menos rodeios, tendo no meio campo, segundo a Televisa, William e Moutinho, “dois soldados impenetráveis”. A cadeia de televisão define Portugal como um desafio “de uma complexidade tão grande como a de qualquer cosmonauta russo que procura resgatar um qualquer Sputnik do não menos complexo Espaço”. A Televisa destaca o sistema de jogo de Portugal e a colocação de Ronaldo como avançado. A operadora elogia a opção de Fernando Santos pois tal permitiu que André Gomes, Nani e Quaresma tivessem outro tipo de liberdade. A Televisa destaca ainda a adaptação de Portugal ao sistema mexicano, realçando a colocação de André Gomes como médio interior criando superioridade no centro do terreno com Moutinho e William de forma a evitar que o México pudesse construir jogo pelo corredor central. O meio de comunicação mexicano vinca mesmo a importância do posicionamento de André Gomes, quer a defender, quer a atacar, elogiando a sua exploração do espaço. A Televisa avalia ainda as substituições de Portugal, considerando que Fernando Santos se mostrou mais audaz e inteligente a perceber o jogo face ao técnico mexicano. A entrada de Gélson que anulou a ameaça ofensiva de Layún (fixando-o em tarefas defensivas) e a inclusão de André Silva que veio baralhar a organização defensiva mexicana.
Pouca autoridade e Ronaldo-dependência
Por Inglaterra, o The Guardian destaca a ausência de Ronaldo da zona de entrevistas rápidas e liga o “desaparecimento” do português às acusações fiscais que vai sendo alvo em Espanha. O Guardian realça a ausência de Bernardo Silva do onze português e entende que falta fluidez ao jogo português, sendo a equipa de Fernando Santos ainda muito “Ronaldo-dependente”. Um problema, para o diário inglês, quando o capitão de Portugal não está nos seus dias mais influentes. No golo do empate do México, o Guardian destaca a fraca prestação defensiva de José Fonte ao permitir que Moreno alcançasse a bola. O diário inglês entendeu que a segunda parte de Portugal foi claramente melhor que a primeira, principalmente dado o ímpeto que as substituições de Fernando Santos trouxeram ao jogo. Já o Daily Mail delibera que Portugal se encaminhava para uma vantagem tranquila ao intervalo mas que uma abordagem preguiçosa de Raphael Guerreiro o evitou.
Em Espanha, a MARCA destaca um generoso Cristiano Ronaldo que “se fartou” de oferecer bolas aos seus companheiros, estabelecendo uma parceria com Quaresma que “causou estragos e obrigou Ochoa a várias intervenções”. A MARCA destaca ainda a assistência espetacular de Ronaldo no golo de Quaresma, em que o português “hipnotizou” três defensores mexicanos. Tal como o Daily Mail, porém, o desportivo espanhol realça o erro de Guerreiro no golo do empate mexicano. A ideia das substituições, porém, parece generalizada e também a MARCA destaca que as entradas de Gélson e de André Silva mudaram o jogo e melhorar a prestação de Portugal. Também o AS é elogioso para com Ronaldo, entendendo ainda que a seleção portuguesa manteve a toada que permitiu o título europeu em França mas que, desta vez, o resultado não foi o mais positivo. O AS destaca o segundo golo de Portugal como um mau cruzamento de Gelson Martins abordado de forma ainda pior por Herrera, que deixou a bola de bandeja para Cedric fazer o 2-1. Já o Mundo Deportivo entende que na segunda parte ambos os conjuntos perderam precisão e que o encontro perdeu ritmo. O desportivo catalão destaca uma primeira parte em que Portugal esperou pelo México no seu campo defensivo, procurando explorar o contra ataque com bolas longas e diretas para os seus avançados, avaliando o primeiro golo mexicano como um erro da defensiva portuguesa. O Mundo Deportivo entende que o empate perante o México foi um “tropeção de todo o tamanho” e que Ronaldo foi de “mais a menos” na partida.
Incorporar a juventude começa a ser inevitável
Em Itália, a Gazzetta dello Sport destaca o impacto imediato de André Silva assim que o novo avançado do Milan entrou na partida. O desportivo italiano realça dez minutos positivos de André Silva, onde o ex FC Porto teve uma grande oportunidade de golo, fez uma assistência e ainda um conjunto de movimentações desconcertantes para a defensiva mexicana. Para a Gazzetta dello Sport, Vicenzo Montella tem motivos para sorrir. Por França, o L’Equipe destaca a falta de autoridade de Portugal, com a equipa de Fernando Santos a não se conseguir impor perante o México. O desportivo francês destaca a entrada empreendedora do México mas que acabou por ser Portugal a chegar ao golo. Também o L’Equipe destaca o erro de Raphael Guerreiro no golo do primeiro empate mexicano. O L’Equipa analisa uma segunda parte aborrecida, onde só os dez minutos finais trouxeram brilho ao encontro.
A ESPN também destaca a entrada em falso da equipa portuguesa em Kazan, realçando, também ela, a Ronaldo-dependência da equipa portuguesa, destacando a influência e a visão de jogo do capitão português no golo inaugural da partida. Não deixando, ainda assim, de destacar a ausência de alguma explosividade e velocidade do capitão português, bem como a inexistência de arrancadas que tanto o caracterizavam. Para a ESPN, a segunda parte de Ronaldo foi bem mais discreta mas realça a influência do português no segundo golo da equipa de Fernando Santos. A ESPN mostrou-se surpreendida pela pouca utilização dada a André Silva – bem como o facto de Bernardo Silva não ter saído do banco – dado o impressionante inicio de carreira internacional do agora avançado do Milan. Algo que, defendem, tem implicação no estilo de futebol (pouco fluido) da equipa dando a entender que o tempo de Nani e Quaresma começa a terminar. A ESPN avalia que Portugal perdeu a batalha da posse de bola para o México ainda que dadas as oportunidades criadas, Portugal até mereceu vencer o jogo. Para a ESPN, Portugal tarda em incorporar de forma definitiva o “seu excepcional talento jovem”.