A convocatória do Brasil para o Mundial da Rússia tem vários craques e nomes sonantes de alguns dos melhores clubes do mundo, mas há um jogador que salta à vista. Geromel, defesa-central do Grêmio, começou a sua carreira sénior em Portugal, depois de ter reforçado as camadas jovens do GD Chaves em 2003/04. Foi no Vitória de Guimarães, contudo, que se destacou, sendo depois contratados pelos alemães do FC Colónia em 2008 para ter uma carreira de sucesso na Alemanha. Quem jogou com ele no D. Afonso Henriques não tem dúvidas: cedo se viu o potencial de Geromel.
Vencedor da Copa Libertadores em 2017 com a camisola do Grêmio, Geromel impressionou assim que começou a treinar na cidade-berço. Tinha apenas 19 anos quando trocou o GD Chaves pelo Vitória de Guimarães e não demorou muito até convencer tudo e todos que foi "uma contratação muito acertada" por parte dos minhotos.
"O que saltava logo à vista era um jovem com um potencial enorme. Muito rápido, com um sentido posicional muito bom, também. Ele tinha vindo do Chaves para o Vitória de Guimarães e, realmente, foi uma surpresa muito agradável. Na altura, foi uma contratação muito acertada do Vitória. E fez o trajeto que fez. Via-se, claramente, que era um jovem que tinha talento para jogar a um nível muito elevado e isso depois ficou comprovado com a carreira dele. Eu fico muito feliz porque ele, para além de bom jogador, era um miúdo muito humilde que queria sempre aprender mais. Agora, este Mundial, por tudo o que tem feito no Grêmio, é uma recompensa. Ele está de parabéns", começou por dizer Rogério Matias, colega de Geromel no Vitória de Guimarães em 2005/06, ao Bancada.
Geromel (esquerda) num SC Braga-Vitória de Guimarães disputado em 2006 (João Abreu Miranda/Lusa)
Mas Rogério Matias não é o único a não poupar os elogios a Geromel. Também Sereno, jogador com os mesmos 32 anos de Geromel, assinou pelo Vitória de Guimarães em 2005 e lembrou que os primeiros treinos com Jaime Pacheco foram duros, mas que depois do impacto inicial o brasileiro brilhou. "Eu cheguei ao mesmo tempo que ele. Se não me engano, era o nosso primeiro ano de sénior. A nossa primeira semana foi um pouco complicado, até porque os treinos com o Jaime Pacheco eram muito puxados. A partir da primeira semana ele começou a destacar-se muito, toda a gente via que ele tinha um potencial enorme e era diferente dos outros todos. Tanto assim era que acabou por jogar várias vezes. E depois fez toda a carreira neste nível", explicou Sereno em declarações ao Bancada. Para Sereno, o ponto forte de Geromel é, "sem dúvida, a inteligência e a antecipação". "[É] um defesa muito rápido e é isso que o distingue dos outros todos", acrescentou.
Anos mais tarde, Sereno foi emprestado pelo FC Porto ao FC Colónia, onde voltou a encontrar Geromel. O português conhece bem o brasileiro e é da opinião que a chamada à seleção brasileira para disputar uma grande competição só peca por tardia. "Acho que ele já devia ter ido há mais anos. Não teve essa sorte. Felizmente, está a jogar no campeonato brasileiro, onde há três anos que é o melhor central e só por aí é que vai à seleção. Mesmo nos tempos do Colónia ele era um dos melhores jogadores e nunca era chamado para o Brasil. Não era pelo valor dele, era simplesmente por opções dos treinadores. E já se sabe que nesses países há sempre um pouco de corrupção, e certamente terá sido por aí que ele não terá ido."
Apesar de só ter sido colega de Geromel durante uma temporada, Rogério Matias passou a ser amigo próximo do 'zagueiro'. "Falámos há relativamente pouco tempo e aquilo que ele me passou foi que se sentia muito feliz no país dele e que estava a atravessar um bom momento no clube e seleção. Fico feliz por ele, ele merece. É um grande jogador e um bom miúdo", assegurou, garantindo ainda que Geromel passou ao lado de uma carreira de sucesso em FC Porto, Benfica ou Sporting. "Podia perfeitamente ter jogado num dos grandes. Teve uma lesão grave quando jogava já fora de Portugal, mas podia ter jogado num dos grandes. O que é de registar é que ele joga num grande clube do Brasil, onde é o capitão de equipa. Foi também um elemento fundamental na conquista da Libertadores. Sente-se muito bem no seu país e o selecionador nacional brasileiro convocou-o para o Mundial."
Geromel chegou ao ponto mais alto da carreira aos 32 anos, sendo capitão de uma das equipas mais importantes da América do Sul e escolha do treinador Tite para a seleção nacional do Brasil no Mundial da Rússia. Até onde poderá ir o jogador do Grêmio? "O Geromel só irá parar quando sentir que já não está a um nível que o permita jogar. É um grande profissional, cuida-se, e a prova disso é que ele, com esta idade, está convocado para o Mundial, todos os anos joga a Libertadores, é o capitão de equipa do Grêmio e poderá jogar mais cinco, seis anos sem dúvida nenhuma", concluiu Rogério Matias.