Florentino Pérez largou uma bomba nas mãos dos sócios do Real Madrid e na base está o seu sonho de "construir o melhor estádio do século 21". O presidente dos merengues quer fazer esquecer a saída de Cristiano Ronaldo e quer pedir 575 milhões de euros aos bancos para remodelar o Santiago Bernabéu. As intenções de Pérez estão a causar alguma consternação no seio da massa associada do Real Madrid.

O homem que um dia idealizou um grupo de estrelas a que chamaria Galáticos, tinha também a ideia de construir uma casa que fizesse justiça ao calibre de jogadores que ia trazendo para Madrid. A verdade é que Florentino Pérez, um engenheiro civil de profissão, nunca conseguiu cumprir este seu objetivo, pelo menos até aos dias de hoje. A ideia surgiu em 2004, mas desde então, uma série de contratempos têm impedido a construção de um novo estádio para o Real Madrid.

Como homem da construção civil, Florentino Pérez é, para além de presidente de um dos maiores clubes do Mundo, presidente da Actividades de Construcción y Servicios, S.A (ACS), uma das maiores empresas de construção em Espanha, a vontade de deitar mãos à obra esteve sempre presente ao longo dos mandatos à frente do Real. Em 2004, Pérez anunciou, em assembleia geral de sócios merengues, que "o melhor estádio do século 21" estaria pronto em 2008.

Por razões diferentes, a obra nunca saiu do plano e em 2010, em nova assembleia geral de sócios, Florentino Pérez sublinhou que "a remodelação do Santiago Bernabéu tornaria o estádio num ícone na arquitetura desportiva". Em 2012, o presidente dos blanco revisitou o seu desejo e avançou que as obras iriam arrancar no verão de 2013; em 2014 prometeu que o novo estádio "seria uma realidade em 2017".

Contudo, as ideias de Florentino Pérez de oferecer uma remodelação ao velhinho Bernabéu nunca saíram do papel e a vontade de ter um estádio capaz de albergar o clube com mais sucesso da história do futebol nunca se materializou. Na base destes sucessivos adiamentos estão vários contratempos. O último aconteceu em novembro passado quando um negócio que ia valer cerca de 400 milhões de euros ao Real Madrid caiu.

Florentino Pérez tinha acordado vender o nome do estádio por cerca de 400 milhões de euros à International Petroleum Investment Company (IPIC), uma empresa sediada nos Emirados Árabes Unidos. O negócio, que cobria grande parte do orçamento para a remodelação do Bernabéu, caiu depois da IPIC ter sofrido grandes perdas com a queda dos preços do petróleo.

Assim sendo, Florentino Pérez chegou à conclusão que terá de ser o próprio Real Madrid a enfrentar a banca avançando com um empréstimo de 575 milhões de euros a serem pagos, no máximo, em 35 anos. De acordo com os estatutos do clube, o presidente é obrigado a pedir, em assembleia de delegados, aprovação aos cerca de 92 mil sócios antes de avançar para as conversações com as instituições bancárias.

A assembleia está marcada para o próximo dia 23, mas uma petição foi já lançada na internet e está disponível no site oficial do Real Madrid.