Grande Futebol
Festival do desperdício do Benfica só podia terminar assim
2018-08-21 22:50:00
O Benfica esteve a ganhar por 1-0 ao PAOK, podia ter chegado ao segundo, mas desperdiçou e pagou um preço caro por isso.

O Benfica tanto desperdiçou em frente à baliza do PAOK que se pôs a jeito do golo que sofreu na reta final do jogo. Foi com um empate a um golo que terminou a receção dos encarnados à equipa grega, nesta terça-feira, em pleno Estádio da Luz, para a primeira mão do play-off de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões. As águias estiveram por cima durante quase toda a partida, principalmente no primeiro tempo, a assumir o controlo através da posse de bola, conseguiram criar as ocasiões, mas pecaram no momento da finalização e agora ficam obrigadas a marcar na Grécia para poderem seguir em frente.

Antes do encontro, o Benfica teve aquilo que pode ser chamado um contratempo, devido à ausência, alegadamente por lesão, de Salvio (nem no banco de suplentes esteve…), habitual titular e escolha inicial de Rui Vitória. Para o lugar do argentino, o técnico do emblema da Luz recorreu a Zivkovic e foi notória a diferença no estilo de jogo no corredor direito: mais pautado e com o ataque mais a cargo de André Almeida, tendo em conta que o sérvio opta mais por diagonais e por movimentos centrais do que Salvio.

Logo aos cinco minutos de jogo, os adeptos do Benfica no estádio levantaram-se e festejaram, mas cedo viram interrompidas as celebrações. É que o menino Gedson (mais uma exibição em que foi um dos que esteve mais em jogo, em ‘piscinas’ entre o meio-campo ofensivo e o defensivo) até rematou para o fundo das redes da baliza de Paschalakis, mas o lance foi anulado devido a fora de jogo. Tudo nasceu num passe longo medido ao milímetro por Pizzi, mas a interferência de Ferreyra resultou na posição irregular de Gedson. Essa jogada teve por base o controlo inicial que os encarnados assumiram, mas ao qual o conjunto helénico respondeu e equilibrou com o passar dos minutos. A pressão alta do PAOK (com Vieirinha a capitanear e a atuar todos os 90 minutos na lateral esquerda) aquando da perda de bola e na saída a jogar do Benfica resultou em várias perdas do esférico das águias e como prova disso mesmo foram dois passes errados do guarda-redes Vlachodimos na tentativa de circular a evitar o ‘chutão’ para a frente.

A partir dos 23 minutos começou um festival que teve Pizzi como principal protagonista. Mas, não foi um daqueles festivais de futebol a que está acostumado… este foi de desperdício de situações de golo. Logo aos 23’, o médio que tem sido o principal goleador da equipa esta época não fez jus a esse desígnio e falhou um daqueles golos ‘cantados’ precisamente em frente à baliza do PAOK, sem marcação, na sequência de um cruzamento rasteiro de Cervi. Quatro minutos depois, um remate de longe de Pizzi e a bola a embater na barra (aqui, não se pode apontar a falta de pontaria…). Aos 28’, foi Paschalakis a segurar um remate do centrocampista efetuado dentro da área da turma grega. Para finalizar, ao minuto 29 Pizzi apareceu ao primeiro poste e cabeceou por cima. Depois de tudo isto, o quão curioso é que tenha sido precisamente Pizzi a fazer o único golo dos encarnados?

Foi precisamente sob a toada do regresso das águias ao controlo da partida que chegou o golo que poderia ter acontecido bem antes do tempo de compensação da primeira parte. Em cima do minuto 45, Gedson foi derrubado por Maurício na área do PAOK e o árbitro Milorad Mazic não hesitou em assinalar a grande penalidade. Pizzi, que estava a sofrer do síndrome de dificuldade na concretização, foi chamado à marca dos onze metros e não tremeu… bola para um lado, guarda-redes para o outro, e o Benfica a ficar em vantagem no encontro, mesmo antes do intervalo, naquele espaço de tempo que dizem ser o ideal para fazer balançar as redes da baliza adversária.

No segundo tempo, mais do mesmo da parte da equipa que jogava em casa, desta feita com outro protagonista. Ferreyra também esteve em destaque pela pouca capacidade de finalização demonstrada. Aliás, não apenas por isso, mas também pelas poucas vezes em que consegue surgir em posição para desferir a baliza adversária. Ainda assim, o avançado argentino teve duas oportunidades aos 49 e 50 minutos, ambas a terminarem com defesa do guardião do PAOK. É certo que estamos apenas no começo da temporada e o Benfica ainda não conheceu o sabor da derrota e até tem conseguido marcar golos (muitos deles marcados por médios e não avançados...), mas é evidente a falta que Jonas faz a esta equipa… não só pelo que oferece em termos de futebol, mas pela frieza de finalização que tem.

A entrada de Warda aos 53 minutos veio transformar o jogo do PAOK. O extremo esteve em claro destaque durante a segunda parte, sendo a principal arma ofensiva dos gregos (Prijovic, a referência ofensiva da equipa, também mostrou notas positivas, principalmente nos apoios e na procura da bola nos corredores), com base na velocidade e criatividade. No entanto, foi num remate após confusão na área do Benfica que o egípcio de 24 anos fez o gosto ao pé. Tudo começou aos 76 minutos, através de um lance de bola parada que levou Fernando Varela a cabecear à barra e a bola a ressaltar para Warda rematar para o fundo das redes. Estava feito o empate na partida, precisamente no começo da reta final, um resultado que colocava (e coloca) o clube de Salónica em vantagem na eliminatória, pois os portugueses estão obrigados a marcar em solo helénico.

Rui Vitória ainda tentou agitar com o jogo e um ‘pressing’ final, com as entradas de João Félix e Seferovic para os lugares de Pizzi e Cervi, respetivamente. E a verdade é que as águias até voltaram a estar perto do golo, principalmente com o jovem português (fez a estreia na Liga dos Campeões) sem medo de se mostrar ao jogo e dar a entender ao treinador que pode ser uma mais-valia para os duelos futuros. Foi precisamente através de um passe de Félix que Ferreyra voltou a ficar em frente à baliza do PAOK e rematou… à figura de Paschalakis. Depois disso, ainda Seferovic, aos 87 minutos, e Félix, em cima do apito final, estiveram perto do golo, mas sem finalizar de forma certeira. O Benfica esteve a ganhar, poderia ter chegado ao 2-0, mas desperdiçou e pagou caro por isso na Luz. Agora, os encarnados entram na segunda mão da eliminatória atrás do prejuízo, quando poderiam tê-lo evitado.