A forte disciplina imposta por Jorge Jesus no Flamengo continua a impressionar os brasileiros, ávidos de histórias que envolvam o treinador português.

O técnico ainda estava na II Liga, a orientar o Estrela da Amadora, quando aplicou um 'corretivo' a Evando, avançado brasileiro que era "titular absoluto", como contou à ESPN brasileira.

Corria a época de 2002/03. O Estrela da Amadora enfrentava o Maia e Jorge Jesus pediu a Evando para partir do centro e fazer diagonais para as alas, "caindo nas costas dos laterais".

O dianteiro, agora retirado, acreditava estar a fazer uma boa exibição, tanto mais que ganhara a falta que dera golo para o Estrela da Amadora, mas ao intervalo Jorge Jesus disse-lhe que podia ficar no balneário

"Eu fiquei e nós perdemos o jogo por 4-1", recordou.

Na partida seguinte, com o Sporting, para a Taça de Portugal, Evando ficou no banco. Acabou por entrar quando o jogo já se aproximava do final, com o golo de Mário Jardel a dar o triunfo aos leões.

"Eu era titular absoluto", lembrou Evando: "Ele pediu ao atleta que ficou no meu lugar para fazer a mesma coisa que eu. No dia seguinte, eu perguntei-lhe porque me tinha tirado da equipa e pedido ao outro atleta para fazer o mesmo que eu".

A resposta de Jorge Jesus surpreendeu o avançado.

"Ele olhou para mim e disse, 'Tens personalidade. Vais jogar no domingo'", disse o técnico.

E assim aconteceu. Evando foi titular no encontro com o Lamas, que terminou com 3-2 favorável à equipa do Estrela da Amadora.

"Fiz dois golos e nunca mais saí da equipa. Eu acredito que a mensagem que ele me passou foi: 'Quando eu mandar fazer alguma coisa, faça'. Aqui quem manda sou eu", explicou o antigo dianteiro do Estrela.

"Ele tinha razão sobre a estratégia. Um atleta não consegue jogar hoje em dia sem pensar na estratégia, na tática e nas qualidades do adversário", reforçou.

Evando revelou ainda que a admiração de Jorge Jesus pelos jogadores brasileiros não é de agora.

"Ele falava que o jogador brasileiro tem muita personalidade. Ele admirava que os brasileiros, mesmo quando chegavam aos clubes médios de Portugal, dissessem que queriam ser campeões. O facto deles acreditarem em si mesmos era espetacular. Por isso, as equipas dele sempre tiveram brasileiros", concluiu Evando.