O campeonato da Europa de 1984 continua “atravessado na garganta” do antigo futebolista Eurico Gomes, uma vez que Portugal podia ter sido "mais rigoroso" na meia-final perdida frente à anfitriã e campeã França (3-2), após prolongamento.
Em declarações a agência Lusa, o ex-defesa central recordou a meia-final que disputou pela equipa das quinas no sul de França, em Marselha, onde o público gaulês e as decisões do árbitro também tiveram influência no desfecho, depois dos lusos terem conseguido uma prestação sem derrotas no Grupo 2, contra RFA (0-0), Espanha (1-1) e Roménia (1-0).
“Esse campeonato da Europa está realmente atravessado na garganta, porque, a seis minutos do fim do segundo tempo do prolongamento, foi pena não termos sido mais rigorosos para reforçar a equipa. Porquê é que não ganhámos? Há sempre qualquer coisa que faz com a gente não ganhe, as circunstâncias do jogo, o momento do jogo, onde é o jogo e o árbitro que manda e decide”, recordou Eurico Gomes.
Autocontrolo foi a palavra utilizada pelo ex-futebolista para se dirigir aos 26 lusos que vão defender o título no Euro2020, que se realiza de 11 de junho a 11 de julho, em 11 cidades de 11 países, nomeadamente aos que têm menos experiência em fases finais de grandes competições.
"Quem anda lá dentro, seja na área técnica ou de jogador, tem que ter arcaboiço e capacidade para perceber isso [todas as circunstâncias do jogo] e passar aos jogadores jovens um autocontrolo que não leve a desequilíbrios, que depois façam falta”, alertou.
Sobre a meia-final, na qual Portugal chegou a estar na frente, fruto do bis de Rui Jordão, em resposta ao golo inaugural de Jean-François Domergue, "havia um handicap, por ser contra a equipa que organizava, que tinha responsabilidade e moral de jogar perante o seu público".
Eurico Gomes lembrou outra situação, que condicionou a equipa treinada por Fernando Cabrita: “Muita gente não sabe. Se jogássemos a final, havia seis jogadores do onze que não iam jogar, por via do castigo que estávamos a ter, dos cartões amarelos, para que não tivéssemos a disponibilidade enquanto equipa”.
Perto do final do segundo tempo do prolongamento, o ex-central, hoje com 65 anos, contou um momento particular vivido com um adversário, na tentativa de perder "meio minuto".
"Uma das bolas veio para dentro do campo atirada pelo publico e eu, em vez de apanhar com a mão e dar ao adversário, meti o pé por baixo da bola, dando um rebuçadinho ao francês, mas dei com a intensidade para a bola ir outra vez para fora, para perder mais meio minuto. [O árbitro] deu-me logo amarelo, só por fazer isso. Considerou que eu estava a perder tempo e entendeu bem, mas, se fosse Portugal, talvez não se importasse", concluiu.
A fase final do Euro2020 realiza-se de 11 de junho a 11 de julho, em 11 cidades de 11 países, e Portugal integra o Grupo F, defrontando sucessivamente Hungria (15 de junho, em Budapeste), Alemanha (19, em Munique) e França (23, em Budapeste).