Grande Futebol
Estudo mostra falta de apoio e cortes salariais no futebol feminino
2020-11-11 16:05:00
Secretário-geral da Fifpro pede "mais ações concertadas"

Um estudo da Associação Internacional de Futebolistas Profissionais (Fifpro) junto de 62 países, incluindo Portugal, concluiu que o futebol feminino sofreu com falta de apoios, cortes salariais e pouca comunicação com futebolistas durante a pandemia de covid-19.

Segundo o inquérito, em 47% dos países verificaram-se cortes salariais ou suspensão de vencimentos, com 69% das mulheres inquiridas a revelarem que a comunicação sobre o novo coronavírus com clubes ou federações era "fraca ou muito fraca".

Por outro lado, 40% reportaram não terem recebido qualquer apoio a nível físico ou psicológico.

No inquérito, que englobou sindicatos ou associações de jogadoras de 62 países do mundo, incluindo Portugal, 52% das inquiridas que representam seleções nacionais afirmaram não ter recebido qualquer contacto das seleções entre julho e outubro.

Segundo o secretário-geral da Fifpro, Jonas Baer-Hoffmann, os resultados "comprovam a extensão a que as futebolistas são deixadas na sombra de forma rotineira em muitas partes do mundo", com o responsável a pedir "mais ações concertadas".

Só 16% tem em funcionamento uma liga profissional, com 52% dos campeonatos analisados no escalão amador, e, dos países observados, só 31% afirma que todas as jogadoras têm contratos escritos, com 29% a declarar não existir nenhum tipo de vínculo e 40% apenas com "algumas" atletas.

Outro dado marcante é o facto de apenas 64% dos países terem incluído o futebol feminino nos planos de retoma competitiva, a par do futebol masculino.

"O futebol feminino está a ser atingido severamente pela pandemia de covid-19, e os resultados do estudo destacam o que sempre dissemos, que tanto os jogadores como o próprio desporto precisam de apoio estratégico", explicou a diretora da FIFPro para o futebol feminino, Amanda Vandervort.

Para isso, afirmou, foram destacados no estudo alguns casos positivos, de alguns campeonatos que mantiveram uma ligação regular às atletas ou ao esforço das jogadoras nos Países Baixos para regressar a par com os homens.

Quase metade (47%) dos sindicatos inquiridos admitiram que já há indicações de que o patrocínio ao futebol feminino nos respetivos países está em risco.

Sobre a questão salarial, 24% das associações reportaram o término de contratos, ou alterações aos mesmos, devido à pandemia de covid-19, com reduções, em alguns casos a zero, em 47% do universo observado, com o apoio não financeiro a ser reduzido ou eliminado em 27% dos casos.