Grande Futebol
É hora de chorar: parecia impossível, mas esta malta deixou o futebol
2018-07-24 16:00:00
Há quem lhes chame "dinossauros eternos", mas não são.

Dois homens e um clube. Não, não estamos perante uma quimera. Belisque-se e tome um banho de realidade: Aleksey e Vasili, os gémeos Berezutski, terminaram a carreira. Muitos diziam que estes dois rapazes – há quem lhes chame ‘dinossauros’ – eram eternos, no CSKA, mas não são. Veja se reconhece este diálogo:

- “Bom corte do Vasili Berezutski”
- “Ah, espera… afinal foi o Aleksey”
- “Não, foi mesmo o Vasili”
- “Olhe, foi um deles, que eles são iguais”.

Com Aleksey pela esquerda e Vasili pela direita – ou até com os dois no meio –, os russos viram dois gémeos defenderem-nos anos a fio. E passaram pelo mesmo problema que todos nós, adeptos, já passámos: confundir aquelas duas fotocópias humanas de 1,90m.

Fotocópias em tudo. Fizeram uma carreira a par. Sempre juntos. Aos 36 anos, os Berezutskis deixam os relvados. Curiosamente, têm ambos a mesma idade. Coisas de ser gémeo. Estes dois centralões russos marcaram uma Era. Não sozinhos, mas com ajuda de mais dois rapagões igualmente antigos: Akinfeev e Ignashevich. Agora, isto fica perto do fim. Só falta mesmo Akinfeev decidir juntar-se aos três defesas já aposentados e quebra-se o quarteto histórico do CSKA e da seleção russa.

Plot twist: ao contrário do que se pensa, os manos Berezutski não jogaram sempre no CSKA. Começaram no Torpedo, em Moscovo, e chegaram ao CSKA, ainda jovens. Primeiro Vasili e, no ano seguinte, Aleksey.

O terror russo em Alvalade

Eles estiveram lá. Na célebre final da Taça UEFA perdida pelo Sporting, em Alvalade, em 2005, eles estavam lá. Aliás, juntamente com os seus amigos Akinfeev e Ignashevich ajudaram a “secar” Liedson e Sá Pinto. Um deles, o Aleskey, até fez mais: depois de Rogério ter marcado o 1-0, foi ele quem iniciou a reviravolta dos russos, aos 57 minutos.

Em abril, deu-se um momento engraçado. O Arsenal defrontou o CSKA, na Liga Europa, 12 anos depois de se terem cruzado na Champions. E sabe que mais? A defesa do CSKA era… a mesma. O mesmo guarda-redes – Akinfeev – e o mesmo trio de centrais – Vasili Berezutski pela direita, Ignashevich como patrão e Aleskey Berezutski pela esquerda. Os mesmos 4 que formaram a defesa do CSKA em Alvalade. Imortais.

Correção: um deles, o Aleksey, não é assim tão imortal. Na verdade, em 2009, foi apanhado a fazer asneira. E Mourinho falou disso.

"O CSKA é um adversário que tem alguma coisa um bocado cinzenta no seu percurso até aqui. Se há dois jogadores que vão ao controlo antidoping e que encontram uma substância que não está autorizada em competição, há alguma coisa de cinzento". Os dois jogadores em causa eram Ignashevich e Aleksey Berezutski.

Ambos foram suspensos por um jogo e o CSKA multado em 25 mil euros. A UEFA  justificou o castigo tão brando dizendo que a substância encontrada nos jogadores "não faz parte da lista de substâncias dopantes, mas estimulantes".

Até para ensinar crianças eles servem

Estes dois russos, como já dissemos, andaram sempre juntos. Quando se separaram, o Mundo tratou de equilibrar as contas.

Vejamos: em 2008, foram ambos ao Euro. Em 2012, a lesão de Vasili levou Aleksey sozinho. Em 2014, o selecionador tratou de equilibrar as contas e levou apenas Vasili, deixando Aleksey a ver do sofá. Em 2016, foram novamente juntos. E despediram-se da seleção. Juntos, claro. Lendário.

Para trás, deixam um combinado de 1033 jogos pelo CSKA e 159 internacionalizações pela Rússia.

A terminar, uma historinha curiosa. Vasili e Aleskey Berezutski estão num… livro infantil. Um livro que pretende mostrar o futebol de forma simples, para crianças.

O livro é este…

Lá pelo meio, vem isto…

“O futebol é feito de trabalho de equipa. Por isso, ajuda quando o teu irmão gémeo joga na mesma equipa”, pode ler-se. Não temos dúvidas de que ter irmãos gémeos na mesma equipa ajudou bastante o CSKA e a Rússia. Marcaram uma Era no futebol russo.