O sonho inglês acabou aos pés da experiência croata e nem Modric ficou até ao final do jogo, substituído quando foi preciso reforçar atrás e segurar o 2-1. A taça ainda não vai voltar a casa, mas a meia-final de Moscovo confirmou várias coisas além da noção de que o Mundial produz um lote invulgar de derrotados honrosos e cheios de esperança – a Inglaterra depois do Brasil. Confirmou, por exemplo, que esta Croácia tem de ser levada muito a sério, sobretudo pela capacidade que demonstra de gerir jogos que se põem difíceis. O inédito terceiro prolongamento superado pelos croatas a caminho da final com a França é a maior prova de que a experiência desta equipa dita leis.

Perisic voltou a mostrar que é mais do que uma segunda figura na constelação de estrelas que conta com Modric, Rakitic e Mandzukic para assegurar o brilho maior – já tinha sido assim há dois anos, no Europeu. O esquerdino foi o homem do jogo, de um jogo em que a Croácia voltou a estar a perder, como já tinha estado antes de eliminar a Dinamarca e a Rússia nas grandes penalidades. Fez o golo do empate, depois de ter voltado a acertar com a bola no poste, e ganhou uma improvável bola aérea para dar a Mandzukic a possibilidade da virada no marcador, num remate cruzado que desmentiu a ideia de um avançado esgotado pela enorme exigência dos jogos anteriores. Perisic não tem um penteado de estrela nem atitude de estrela mas é dos imprescindíveis de Zlatko Dalic, o treinador que está cada vez mais parecido com Miroslav Blazevic, até nas expressões faciais que vai mostrando no banco.

A Croácia chega à final com a possibilidade de emular a famosa geração de 1998. Até a França – a equipa que lhe aparece pela frente – é a mesma de há 20 anos, na altura na meia-final que Thuram resolveu a favor dos gauleses. Não vai ser favorita. Mas já marcou um lugar na história.

António Tadeia vai publicar todos os dias uma entrada neste diário, sempre pelas 13h

Dia 22 - A vitória da França sobre a Bélgica
Dia 21 - O talento de Modric
Dia 20 - O encanto por De Bruyne
Dia 19 - O fim da Maldição
Dia 18- Bélgica-Japão encheu as medidas
Dia 17- Rússia confirmada pelo comandante do avião
Dia 16 - A eliminação de Portugal
Dia 15 - A polémica do Japão-Polónia
Dia 14 - A eliminação alemã e a vingança brasileira
Dia 13 - A conversa de Queiroz e Moutinho
Dia 12 - Portugal não anda a jogar muito
Dia 11 - Os iranianos ruidosos
Dia 10 - A maldição do Campeão
Dia 9 – A águia albanesa
Dia 8 – Sampaoli e o desastre argentino
Dia 7 – O que faltou à seleção portuguesa
Dia 6 – A força da Rússia e de Dzyuba, um dia de surpresas e do LCD Soundsystem
Dia 5 – A Bélgica, a Inglaterra, e sushi
Dia 4 - Um Brasil a europeizar-se e uma Sérvia a ter de soltar amarras
Dia 3 – O voo de regresso depois da vitória portuguesa
Dia 2 – O dia de Cristiano Ronaldo
Dia 1 - Abertura do Mundial