Grande Futebol
Diário de um jornalista no Mundial (20)
2018-07-07 13:00:00
O António Tadeia vai publicar, todos os dias, uma entrada neste diário.

Podem falar de Ronaldo, Messi, Neymar. Podem até encantar-me com Hazard, mas este, para mim, só pode ser o Mundial de De Bruyne ou de Mbappé. Ontem foi mais dia do belga, portento na arte da decisão, da gestão dos ritmos de um jogo, da opção por acelerar ou abrandar uma transição. A vitória da Bélgica sobre o Brasil, na definitiva transformação deste Mundial num Europeu sem os campeões, teve o nome do loiro do City escrito em todas as linhas: delicioso o passe para Fellaini, que deu o canto de onde saiu o primeiro golo; extraordinária a finalização para o 2-0 que deixou o jogo para lá até das hipóteses de um Brasil que, com Tite, marcava sempre e não perdia.

Claro que esses dois momentos não explicam o jogo. A vitória da Bélgica teve dedo de treinador, na opção – para mim surpreendente mas muito importante e claramente vencedora – de Roberto Martínez mudar o 3x4x3 por um 4x3x3 que soltava De Bruyne como falso 9, mandava Lukaku à procura do espaço entre o central e o lateral e permitia ao trio formado por Witsel, Chadli e Fellaini equilibrar as coisas a meio-campo com os três médios que Tite para ali destacava. A forma como o jogo correu permitiu (obrigou?) a Tite finalmente experimentar um período mais longo com Firmino e Gabriel Jesus em simultâneo, mas já não mudou a convicção que tenho desde o primeiro dia: para este Brasil de inspiração to europeia ter sucesso teria de surgir um super-Neymar. E o que apareceu na Arena Kazan (onde já tinham caído Alemanha e Argentina) foi um super-De Bruyne.

Antes, para que o Mundial se transformasse mesmo num Super-Europeu (mesmo que sem os campeões da Europa) já tinha sido necessário que a França se desfizesse – sem surpresa – de um Uruguai que já contra Portugal não me tinha parecido intratável. Sem Cavani, com um frango de Muslera a ajudar, os uruguaios não foram sequer capazes de invocar uma grande França. Bastou uma exibição regular, organizada, sem erros, para deitar borda-fora uma equipa que só a inépcia tática portuguesa manteve em prova até aqui.

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Dia 18- Bélgica-Japão encheu as medidas
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Dia 16 - A eliminação de Portugal
Dia 15 - A polémica do Japão-Polónia
Dia 14 - A eliminação alemã e a vingança brasileira
Dia 13 - A conversa de Queiroz e Moutinho
Dia 12 - Portugal não anda a jogar muito
Dia 11 - Os iranianos ruidosos
Dia 10 - A maldição do Campeão
Dia 9 – A águia albanesa
Dia 8 – Sampaoli e o desastre argentino
Dia 7 – O que faltou à seleção portuguesa
Dia 6 – A força da Rússia e de Dzyuba, um dia de surpresas e do LCD Soundsystem
Dia 5 – A Bélgica, a Inglaterra, e sushi
Dia 4 - Um Brasil a europeizar-se e uma Sérvia a ter de soltar amarras
Dia 3 – O voo de regresso depois da vitória portuguesa
Dia 2 – O dia de Cristiano Ronaldo
Dia 1 - Abertura do Mundial