Grande Futebol
Diário de um jornalista no Mundial (18)
2018-07-03 15:20:00
António Tadeia vai publicar todos os dias uma entrada neste diário, sempre pelas 13h

O Bélgica-Japão, ou melhor, a segunda parte do Bélgica-Japão, encheu as medidas dos amantes do bom futebol. Teve de tudo. O favorito a ser surpreendido, a perder por 2-0 com 20 minutos por jogar, e depois uma reviravolta épica, com os suplentes Fellaini e Chadli a porem o carimbo no apuramento belga. E a confirmarem que estes japoneses precisam de ser menos anjinhos em momentos como a ponta final do desafio de ontem: com 2-2, já em período de compensação e com um canto a favor, não se pode sofrer um golo em contra-ataque como aquele que deu o apuramento aos belgas.

Não estou a defender o anti-futebol. Não acho sequer que o facto de o Japão não se ter limitado ao anti-jogo quando se viu a ganhar por 2-0 deva ou possa ser criticado: o primeiro golo belga foi um pouco fortuito e sem ele a equipa de Roberto Martínez não teria sequer reentrado no jogo. Mas naquele momento, com um canto a favor, meter tanta gente na área e enviar para lá a bola, à mercê dos longos braços de Courtois, já é brincar com a sorte. Atrasar a recuperação de posicionamentos depois disso, deixando Kevin De Bruyne dar o safanão que deu no jogo e que levou ao golo de Chadli, foi a sentença de morte de uma seleção que ainda assim sai de cabeça bem levantada da Rússia.

A Bélgica, por sua vez, sai com motivos claros de preocupação. Foi inofensiva na primeira parte e passiva do ponto de vista defensivo na segunda. Erros que não pode voltar a cometer contra o Brasil, nos quartos-de-final. Porque o Brasil, tal como se viu frente ao México, está a subir de rendimento e a ganhar jogos com clareza. Tite não abdicou do meio-campo sólido, mas já está a tirar da criatividade de Willian, Coutinho e Neymar os frutos que se adivinhavam antes do Mundial.

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