Grande Futebol
Camarões apetitosos ficam fora de prazo
2017-09-05 09:30:00
Atual detentor do Campeonato Africano das Nações já está afastado do Mundial a ter lugar em 2018 na Rússia

Um penálti convertido por Aboubakar não foi suficiente para evitar o afastamento dos Camarões do Mundial de 2018. Nos últimos 27 anos, só por uma vez, no Campeonato do Mundo de 2006, a seleção africana não marcou presença na fase final da maior competição a nível de seleções. O empate a um golo registado esta segunda-feira diante da Nigéria mais não fez do que acentuar a crise recente e inesperada que se abateu sobre a equipa liderada pelo belga Hugo Broos, que fica assim a fazer contas à vida, tal a deceção que assolou a equipa de Onana e companhia.

A seleção camaronesa é uma das equipas africanas mais reconhecidas a nível mundial, principalmente desde o brilho deixado no Mundial de 1982 com Nkono e Roger Milla como estrelas mais cintilantes de uma equipa que até empatou a um golo com a campeão do Mundo Itália. Mas foi de 1990 para cá que os Camarões cimentaram uma posição no futebol mundial fruto de um futebol enleante, de ataque, que não deixou de cativar os amantes do futebol. O conjunto africano esteve sucessivamente nos campeonatos do Mundo de 1990, 1994, 1998, 2002, 2008, 2010 e 2014. Ou seja, só falhou o tal Mundial de 2006. Pelo meio, conquistou o título mais importante da sua história no desporto-rei, arrebatando a medelha de ouro nos Jogos Olímpicos de 2000, disputados em Sydney, na Austrália. O mítico Samuel Eto'o liderou uma equipa fortíssima, onde pontificavam ainda nomes como Kameni, Mboma ou Womé, vencendo a Espanha na final. De resto, os Camarões foram a primeira seleção africana da história a alcançar os quartos de final de um Campeonato do Mundo. 

Depois do fabuloso jogo de arranque em que venceram a Argentina com um golo solitário de Omam-Biyik, na sequência de um falhanço do guarda-redes Pumpido, e do triunfo sobre a Roménia por, os Camarões defrontaram a Colômbia nos oitavos de final em jogo memorável. Venceram por 2-1 com Milla a roubar a bola a Higuita em lance memorável que deu origem a uma frase mítica: "Ele tentou driblar-me e ninguém dribla o Milla!". A virtuosa equipa africana acabaria por cair aos pés da Inglaterra de Bobby Robson e Gary Lineker, que marcou dois penáltis no triunfo por 3-2 após prolongamento.

O futebol camaronês passou a ser fértil em títulos como consequência de um trabalho de base efetuado por Claude Le Roy e Valeri Nepomniachi. Além da classificação histórica no Mundial e do título olímpico, registo para conquistas de relevo como o Campeonato Africano das Nações (1984, 1988, 2000, 2002 e 2017). Viu bem: 2017.

Este facto acentua ainda mais a surpreendente ausência dos "Leões Indomáveis", como passaram a ser conhecidos, do Mundial de 2018, que não contará, desta forma, com os vencedoras da última Taça de África das Nações, realizada entre 14 de janeiro e 5 de fevereiro, no Gabão. Os Camarões venceram na final o Egito por 2-1 em jogo que teve o portista Aboubakar no papel de herói. O avançado, na altura emprestado ao Besiktas, saiu do banco ao intervalo para consumar a reviravolta no marcador aos 88' e deixou em delírio milhões de compatriotas.