Grande Futebol
Cada golo de Messi e Neymar valiam dez mil refeições. Tite disse que não
2018-06-06 21:10:00
Tite pediu à MasterCard para rever a iniciativa e a empresa já se manisfetou

Sejamos sinceros. Se lhe disserem que a MasterCard ia (já não vai e nós vamos explicar porquê) doar 10 mil refeições a crianças desfavorecidas por cada golo marcado por Neymar e Messi no Mundial como reagiria? Provavelmente bateria palmas pela iniciativa. A verdade é que a coisa não foi aceite pelo selecionador brasileiro, Tite, que reclamou. A empresa norte-americana colocou um ponto final na discussão: vão doar 1 milhão de refeições e não se fala mais nisso.

Tudo está bem quando acaba bem. Mesmo que pelo meio nem tudo cheire a rosas. Foi exatamente o que aconteceu com a mais recente campanha da empresa de pagamentos norte-americana. A ideia de pegar em Messi e Neymar e arranjar maneira de ajudar crianças necessitadas só pode ser boa. A verdade é que o princípio da coisa não agradou a Tite, o sempre afável selecionador brasileiro, que reclamou: "Esses valores podem frustrar o trabalho de equipa que fazemos."

O plano era o seguinte: por cada golo que Messi e Neymar marcassem no Mundial, 10 mil refeições seriam doadas a crianças desfavorecidos. Se o princípio é o de combater a fome, o que, obviamente é de louvar, a forma é que não terá agradado a muitos: "MasterCard, vou-vos dizer uma coisa. Esta campanha solidária é muito bonita", começou por dizer Tite, na conferência de imprensa que antecedeu o jogo entre Brasil e Croácia, de preparação para o Mundial da Rússia.

"Assim como seria se vocês doassem refeições se todos os atletas do Brasil e da Argentina marcasssem golo. Nós trabalhamos como uma equipa e esses gestos podem ser frustrantes. É a minha sugestão", referiu o selecionador brasileiro sobre a campanha que tinha como slogan: "Golos que mudam vidas". Mas nem todos reagiram com a mesma delicadeza.

Muitos classificaram a campanha de "inapropriada", justificando com o facto de não ser correto que o futuro de muitas crianças famintas recaia nas capacidades de jogadores multimilionários. O que seria se Neymar rematasse uma bola ao poste, ou Messi falhasse um penálti? Há qualquer coisa que não bate certo nesta campanha, por muito boas intenções que a empresa norte-americana tenha tido quando a idealizou.

"Estou orgulhoso por fazer parte desta campanha que vai ajudar a mudar a vida de milhares de crianças no meu país e em outras regiões", disse Messi, ainda antes de toda a polémica. Já Neymar mostrou-se feliz por "ajudar a colocar um prato de comida nas mesas destas crianças desfavorecidas", apelando ainda à união de todos em torno deste flagelo que é a fome entre as crianças.

Ora bem, para provar que era tudo boas intenções, a MasterCard já veio colocar um ponto final na discussão e lembrar que o foco deveria ser a luta contra a fome e nada mais: "Não queremos que adeptos, jogadores ou qualquer pessoa perca o foco na questão crítica da fome e nos nossos esforços para aumentar o apoio a essa causa", assinalou a empresa que anunciou a doação de um milhão de refeições independentemente dos golos marcado. Ponto final na discussão.