O antigo jogador, hoje com 60 anos (na foto), falou do seu passado militar
Mítico guarda-redes do Liverpool FC durante a década de 80 e o início da década de 90, Bruce Grobbelaar é lembrado pelo estilo muito próprio que assumia entre os postes, muitas vezes brincando com os adversários e demonstrando uma confiança acima da média. O que muitos não sabem é que Grobbelaar, hoje com 60 anos, lutou na Guerra Civil da Rodésia ao serviço do exército do país hoje conhecido como Zimbabué, e chegou a ser obrigado a matar pessoas. Essas memórias ainda assombram Grobbelaar em 2018, cerca de 40 anos depois.
Em entrevista à ‘BBC’, Bruce Grobbelaar, que realizou mais de 400 jogos pelo Liverpool FC, explicou que foi “forçado a matar” e que viu três amigos morrerem durante a Guerra Civil da Rodésia. De acordo com o próprio, as pessoas mudam depois cometerem atos do género e ficam com “consequências” até ao fim dos dias. “Não és a mesma pessoa depois de o fazeres. Tens de viver com as consequências para o resto da tua vida”, garantiu.
Apesar de não passar todo o tempo em constante lembrança dos tempos na Rodésia, Grobbelaar admitiu que sempre que o assunto é tema de conversa fica em sofrimento “durante duas ou três semanas. “As memórias perderam-se um pouco, mas há vezes em que estás com os teus amigos em África e eles gostam de falar disso. Eu não. Depois disso, durante duas ou três semanas, tenho suores frios e acordo com esses sentimentos outra vez.”
De acordo com Bruce Grobbelaar, o futebol foi essencial para o que se passou não lhe estragar a vida na totalidade, direcionando os pensamentos do antigo jogador nascido na África do Sul para algo mais que não as memórias de guerra. “Tenho muita sorte em não ter entrado num estado de depressão. O futebol salvou a minha vida. Quando saí do serviço militar tinha o futebol para me apoiar, o que afastava a minha mente desses incidentes”, frisou.
Depois da guerra e do serviço militar, Grobbelaar jogou nos Vancouver Whitecaps, do Canadá, e nos ingleses do Crewe Alexandra antes de assinar pelo Liverpool FC em 1981. Foi dono e senhor das redes dos ‘reds’ durante mais de uma década, conquistando duas Ligas dos Campeões, seis Ligas Inglesas, quatro Taças de Inglaterra, três Taças da Liga e cinco Supertaças. Entrou para a história do clube poucos anos depois de ter passado por momentos tristes e difíceis na Rodésia.