Grande Futebol
Brolin, o sueco da pirueta que fez birra na Premier League porque lhe mentiram
2018-06-14 11:00:00
Chegou a encantar o Mundo com o seu futebol e a forma - sempre igual - de festejar os golos

Vamos lá puxar a cassete atrás - pedimos perdão aos jovens dos ipods e dos mp3, mas lamentamos o facto de não terem visto o sueco da pirueta - e diga o que lhe vem à memória quando se fala do Mundial de 1994. A farta barba de Alexi Lalas ou o rabo de cavalo de Roberto Baggio? Nós dizemos... a equipa sueca que tinha um ataque demolidor e onde despontava um jogador que chegou à Premier league e fez birra por não jogar na posição que tinha pedido.

Um ano após o USA'94, onde esteve em grande no papel de municiador dos dois avançados da seleção sueca, Martin Dahlin e Kennet Andersson, Tomas Brolin decidiu deixar o Parma, onde havia sido muito feliz, para provar o seu valor - como se fosse necessário - na Premier League. Mas as coisas não lhe correram bem no futebol inglês. O motivo? Brolin diz que fez de propósito porque Howard Wilkinson, treinador do Leeds United, não o colocou na posição que ele queria.

"A primeira coisa que ele me perguntou foi: 'Quanto dinheiro queres? Eu respondi-lhe que o dinheiro não era o mais importante, mas sim a minha posição na equipa. Então ele puxou de umas folhas A4 e começou a fazer uns desenhos e disse-me que eu ia ser a aranha no meio daquela teia. Eu seria o jogador que iria municiar o atacante, na altura o Tony Yeboah. Estava tudo certo, era o que eu queria... assinei imediatamente", contou Tomas Brolin ao site sueco "Offside".

Mas a realidade que encontrou quando chegou a Inglaterra foi um bocado diferente. Wilkinson desculpou-se com o facto de estarem muitos jogadores no estaleiro e usou Brolin em várias posições que não aquela do desenho. O sueco encheu até ao jogo com o Liverpool FC. Era já o segundo consecutivo que o punham a jogar a médio direito, e Brolin não estava para correr cima a baixo "como um idiota".

"Até pode não parecer tão mau como isso, ser um  médio ala numa equipa como o Leeds, mas as responsabilidades defensivas... não eram para mim. Andava a correr feito louco para cima e para baixo no flanco direito, parecia um idiota. Não era para mim. Então decidi... que não ia jogar nada contra o Liverpool", revelou Tomas Brolin que nada fez para impedir a derrota da sua equipa por 5-0.

O destino do sueco, que festejava todos os golos com uma pirueta, estava traçado e dois anos após a grande campanha no Mundial de 1994 onde a seleção sueca conquistou um meritório terceiro lugar, Brolin estava condenado ao ostracismo e para dizer a verdade estava também um pouco gordo. Passou grande parte da época fora dos eleitos e a vida em Inglaterra tornou-se um pesadelo.

Brolin no sorteio do Mundial 2018

A carreira de Brolin nunca mais se endireitou e o sueco acabou a carreira com apenas 28 anos muito por culpa da lesão no tornozelo que o apoquentou durante muito tempo depois do Mundial norte-americano. Agora se quiserem encontrar Tomas Brolin é estarem atentos aos torneios de poker. Procurem pelo louro anafado e então deram com o sueco que chegou a ser um dos melhores no mundo do pontapé na bola da sua geração.

Percurso rumo à Rússia 2018

A qualificação da seleção sueca para o Campeonato do Mundo foi talvez a mais surpreendente das 32 equipas que viajaram para a Rússia. Para trás, os suecos deixaram a Holanda e a Itália (!!!). Pois bem. Os holandeses ficaram para trás ainda na fase de grupos. A Suécia ficou em segundo lugar no grupo A, deixando o primeiro lugar para a França e conseguindo um lugar nos play-off. E aqui é que a porca torceu o rabo. À Suécia calhou em sorte a Itália. Mas o que é que fez a Suécia - já sem Zlatan? Despachou os italianos deixando uma nação (a italiana) lavada em lágrimas. Ai estão os suecos.

Jogador a seguir: Emil Forsberg

O médio sueco foi uma das pricipais figuras de um surpreendente RB Leipzig nas últimas duas temporadas. As mesmas que viram o clube alemão a chegar à Liga dos Campeões deixando para trás equipas como o Bayer Leverkusen, por exemplo. Forsberg é um médio de cariz ofensivo que tanto pode jogar numa posição mais central como descaído para uma das alas e será, sem dúvida, um dos jogadores a ter em atenção no Campeonato do Mundo da Rússia.

Convocados

Guarda-Redes: Robin Olsen (Copenhaga/Dinamarca), Karl-Johann Johson (Guingamp/França), Kristoffer Nordfelt (Swansea/Inglaterra);

Defesas: Mikael Lüstig (Celtic/Escócia), Lindelöf (Manchester United/Inglaterra),Granqvist (Krasnodar/Rússia),Martin Olsson (Swansea/Inglaterra),Augustinsson (Werder Bremen/Alemanha), Filip Helander (Bolonha/Itália), Emil Krafth (Bolonha/Itália), Pontus Jansson (Leeds/Inglaterra);

Médios: Sebastian Larsson (Hull City/Inglaterra), Albin Ekdal (Hamburgo/Alemanha), Emil Forsberg (Leipzig/Alemanha), Gustav Svensson (Sounders/Estados Unidos), Oscar Hiljemark (Génova/Itália), Viktor Claesson (Krasnodar/Rússia), Markus Rohdén (Crotone/Itália), Jimmy Durmaz (Toulouse/França);

Avançados: Marcus Berg (Al-Ain/Emirados Árabes), John Guidetti (Alavés/Espanha), Isaac Kiese-Thelin (Anderlecht/Bélgica), Ola Toivonen (Toulouse/França)

Onze provável

Treinador: Jan Andersson

GUIA BANCADA: O MUNDIAL EM HISTÓRIAS

Grupo A

Rússia: O dia em que Rússia boicotou e "roubou" a Ucrânia para jogar o Mundial
Arábia Saudita: A lenda do "Pelé do Deserto", o terror de Setúbal
Egito: O futebol nascido de uma tragédia
Uruguai: Uruguai quer fazer um Maracanazo. Ou um Maracanazov

Grupo B

Portugal: Portugal, toca a jogar pelo chão que, de “Saltillos”, já foi suficiente
Espanha: O dia em que o General Franco teve medo dos russos e tirou um título à Espanha
Marrocos: "África minha" de Hervé Renard tem novo capítulo em Marrocos
Irão: Carlos Queiroz e o Irão: uma relação de amor e ódio

Grupo C

França: Didier Deschamps, o capitão da saga de 1998 em busca da redenção como treinador
Austrália: Um continente pequeno demais para uma seleção
Perú: O amor que os brasileiros ganharam ao Peru e a Cubillas, com a Argentina no meio
Dinamarca: Elkjaer fumava e bebia, mas corria que se fartava

Grupo D

Argentina: O dia em que Deus deu a mão para Maradona ficar na história do futebol
Islândia: Islândia e a aritmética que permite escolher os 23 convocados
Croácia: Quando Boban e Suker viraram heróis de uma nação
Nigéria: Yekini, um lugar na história da Nigéria e no coração dos portugueses

Grupo E

Brasil: Marinho Peres: capitão, desertor e um sonho que virou pesadelo em Barcelona
Suíça: Uma reunião de lendas, duas batalhas épicas e um capitão a jogar com um tumor
Costa Rica: No país mais feliz do Mundo, há um Oásis onde só entram grandes guarda redes
Sérvia: Um goleador esquecido pelo tempo, ídolo de Puskas e um jogo que tudo mudou

Grupo F

Alemanha: O jogo mais tenso de sempre. O jogo de dois vencedores. O jogo do futebol
México: Negrete marcou o melhor golo do Mundo e veio para o Sporting, pena os relvados
Suécia
Coreia do Sul