Grande Futebol
As finais de Portugal (III): À espera do milagre que acabou por não acontecer
2017-10-09 21:00:00
Seleção Nacional precisava de vencer por quatro golos de diferença mas não foi além de um nulo frente à Checoslováquia

As expetativas não eram muitas no dia 15 de novembro de 1989, tendo em conta que Portugal tinha de ganhar por quatro golos de diferença e uma goleada sobre a Checoslováquia era algo quase impensável. Todavia, quatro anos antes, o selecionador nacional, José Torres, tinha pedido ordem para sonhar ("Deixem-me sonhar...")  e Portugal venceu na Alemanha, através do portentoso remate de Carlos Manuel, em Estugarda, pelo que a esperança embora residual, não deixava de existir. Afinal, o momento inspirador do centro-campista perdurava na memória coletiva dos portugueses.

"Eram realidades diferentes, tempos diferentes", refere César Brito, que juntamente com Rui Águas, formou a dupla de ataque de então. "Daquela vez, frente à Checoslováquia, não correu bem, mas agora tudo vai ser diferente", acrescenta o antigo avançado do Benfica, adotando um discurso de confiança. "As expetativas são elevadas e tenho imensa esperança de que a Seleção Nacional vai ganhar à Suíça. Temos uma excelente equipa, temos o melhor do Mundo e o apuramento está aí à vista."

César Brito acredita que se a equipa portuguesa for paciente, os golos acabarão por surgir, contrariamente ao que sucedeu em 1989 frente à Checoslováquia. "Portugal é uma equipa com estofo e vai dar-nos essa alegria. Acredito que não vai falhar. Somos os campeões da Europa e temos de mostrar a nossa força. Eu acredito e estou certo que a nação também."

O antigo ponta-de-lança confia, desta forma, plenamente que a Seleção Nacional não vai desiludir como sucedeu em 1989. Perante uma equipa onde Chovanec pontificava como estrela maior, e Jozef Venglos, que foi técnico do Sporting, era o treinador, a equipa portuguesa liderada por Juca vinha moralizada pois tinha cumprido a obrigação no último jogo e havia ganho fora de portas ao Luxemburgo por 3-0. E bem tentou chegar ao golo desde a fase incial do jogo com os checos, mas não conseguiu mais do que atingir o intervalo em branco. No início do segundo tempo, o técnico nacional fez sair João Pinto e deu ordem de entrada de entrada a Vítor Paneira, no sentido de dar mais acutilância ao flanco direito, mas sem resultados práticos, pese embora o domínio. A sete minutos do final, Juca operou a última substituição, apostando na entrada de Pedro Xavier. Todavia, o resultado acabou mesmo por não sofrer qualquer atenção, penalizando não só Portugal como também o adversário. 

O futebol tem destas coisas e a Checoslováquia seria mesmo a maior derrotada da noite, uma vez que com o empate terminou a fase de apuramento com os mesmos pontos da Bélgica. No entanto, foram os belgas a marcar presença no Mundial de Itália fruto de terem um melhor registo de golos.

Data: 15 de novembro de 1989

Local: Estádio da Luz

Constituição das equipas

Portugal: Silvino; João Pinto (Vítor Paneira, 46'), Frederico, Venâncio e Veloso; Jorge Ferreira, Rui Barros, Sousa e Pacheco; César Brito (Pedro Xavier, 83') e Rui Águas. Treinador: Juca

Checoslováquia: Stejskal; Straka, Hasek, Kocian e Kadlec; Nemecek, Bílek, Chovanec e Moravcík (Kinier, 89'); Skuhravý e Luhový (Weiss, 87'). Treinador: Josef Venglos