A Argentina acabou no sábado com uma longa ‘seca’ de títulos, depois de 16 provas e quase três décadas de frustrações, mais precisamente desde a vitória na edição 1993 da Copa América em futebol.
No Estádio Maracanã, no Rio de Janeiro, um golo de Ángel Di María, aos 22 minutos, na final face ao anfitrião Brasil, selou a 15.ª vitória na Copa América da formação ‘albi-celeste’, que não saboreava uma conquista há 28 anos.
Depois da vitória de 1993, arrebatada numa final com o México (2-1), no Equador, a Argentina somava cinco finais perdidas e tinha caído uma vez nas meias-finais, sete nos ‘quartos’, duas nos ‘oitavos’ e uma na fase de grupos.
Entre tantos desaires, uns custaram bem mais do que outros, sendo que seis, correspondente a 37,5%, aconteceram na ‘lotaria’ das grandes penalidades.
A primeira de muitas frustrações aconteceu em 1994, naquela que foi a quarta e última fase final de um Mundial de Diego Armando Maradona, que depois de uma estreia complicada em 1982, em que se despediu com uma expulsão, tinha sido campeão em 1986, ele com a Argentina às ‘costas’, e ‘vice’, ‘roubado’, em 1990.
‘D10s’ entrou a deslumbrar, face a Grécia (4-0) e Nigéria (2-1), e a Argentina parecia muito forte, mas, após o segundo jogo, tudo se desmoronou com o ‘doping’ de ‘el Pibe’: seguiram-se duas derrotas e a eliminação, nos ‘oitavos’ face à Roménia (2-3).
A ‘era’ Maradona, que morreu o ano passado, acabou aí e os ‘albi-celestes’ demoraram a reencontrar-se, somando quatro eliminações consecutivas nos ‘quartos’ (Copa América de 1995, 1997 e 1999 e Mundial de 1998) e, depois, uma incrível eliminação na fase de grupos do Mundial de 2002.
Onze anos após a copa América de 1993, os argentinos voltaram a uma final na edição 2004 da mesma prova, no Peru, e estiveram muito perto do título, liderando por 1-0 e, depois do benfiquista Luisão empatar, por 2-1, já aos 87 minutos.
Um golo de César Delgado parecia destinado a acabar com a ‘seca’ dos argentinos, mas, já nos descontos, aos 90+3 minutos, o ‘imperador’ Adriano empatou o jogo e, nos penáltis – já que não havia prolongamento –, o Brasil impôs-se por 4-2.
No Mundial de 2006, foram de novo os penáltis a afastar os argentinos, que tombaram nos ‘quartos’ face à Alemanha (2-4, após 1-1 nos 120 minutos), mas, em 2007, chegou nova final da Copa América, desta vez com a ‘albi-celeste’ a jogar muito.
A formação de Alfio Basile, com o ‘menino’ Messi a começar a aparecer em grande, venceram os cinco primeiros jogos, com 16 golos marcados e três sofridos, e pareciam imparáveis, mas, na final, voltaram a esbarrar no Brasil, que ganhou por 3-0.
Com Maradona como selecionador, a Argentina caiu com ‘estrondo’ nos ‘quartos’ do Mundial de 2010 (0-4 com a Alemanha) e, no ano seguinte, sob o comando de Sergio Batista, ficou na mesma fase a Copa América, batida em casa pelo Uruguai, novamente na ‘lotaria’ das grandes penalidades (4-5, após 1-1).
Em três anos, de 2014 a 2016, a Argentina logrou o ‘impensável’, ao alcançar três finais consecutivas, a primeiro do Mundial e as duas seguintes da Copa América, mas, ‘desgraçadamente’, perdeu as três, nenhuma nos 90 minutos.
Em 2014, foi novamente batida pela Alemanha, no prolongamento (Götze decidiu, aos 113 minutos), e, nos dois anos seguintes, caiu sempre face ao Chile, nos penáltis e depois de 120 minutos sem golos, primeiro por 4-1 e depois por 4-2.
O trauma perdurou e a Argentina caiu nos ‘oitavos’ do Mundial de 2018, ao perder por 4-3 face à França, que viria a sagrar-se campeã, melhorando algo na Copa América de 2019, na qual perdeu com o anfitrião Brasil nas ‘meias’ (0-2).
Dois anos volvidos, no mesmo palco e face ao mesmo adversário, o ‘onze’ de Lionel Scaloni surgiu ainda mais forte e logrou, finalmente, acabar com a ‘seca’.