Grande Futebol
Ángel María Villar, o 'todo poderoso' espanhol que caiu nas malhas da justiça
2017-07-18 13:25:00
Presidente da Federação Espanhola de Futebol foi, juntamente com o filho, detido pela polícia espanhola

O futebol espanhol está em destaque desde esta manhã, quando o presidente da Federação Espanhola de Futebol, Ángel María Villar, foi detido juntamente com o filho, Gorka, no seguimento de suspeitas de corrupção. Também Juan Padrón, vice-presidente do organismo para a área financeira, faz parte das dez pessoas levadas pela Unidade Central Operativa da Guardia Civil. Ángel María Villar, de 67 anos, é um dos mais experientes e poderosos dirigentes do futebol mundial, sendo presença muito forte na FIFA e na UEFA, enquanto Gorka Villar tem também bastante peso na CONMEBOL.

De acordo com o ‘El País’, a investigação está relacionada com alegados esquemas económicos que terão beneficiado a família Villar e prejudicado a Federação, assim como supostos favores que Ángel María Villar fez a dirigentes de associações de futebol regionais para garantir a sua continuação no cargo. Conheça agora a vida do antigo jogador espanhol.

Uma vida ligada ao futebol

Ángel María Villar Llona nasceu em Bilbau, em 1950. Estava a estudar para se licenciar em Química quando, aos 19 anos, o Athletic Bilbau o contratou enquanto profissional, fazendo de seguida uma pausa nos estudos.

Depois de um ano emprestado ao CD Galdakao e outro ao CD Getxo, o médio estreou-se pelos ‘Leones’ em 1971/72. Realizou centenas de jogos pelo clube do País Basco e tornou-se uma referência nos anos 70. No Athletic, a quem pertenceu durante mais de uma década, conquistou uma Taça do Rei em 1972/73, tendo sido finalista dessa prova e da Taça UEFA em 1976/77.

Um dos momentos mais marcantes da sua carreira deu-se em 1974. Num jogo contra o FC Barcelona, Villar agrediu o holandês Johan Cruijff e foi de imediato expulso pelo árbitro Soto Montesinos. A partida, que teve lugar em Bilbau, terminaria empatada a zero. Foi também internacional espanhol, envergando a camisola ‘roja’ em mais de 20 ocasiões, marcando três golos.

Durante a sua estadia nos ‘rojiblancos’, Villar voltou à universidade e completou o curso de Direito em 1979. Exerceu advocacia a partir desse ano, quando ainda jogava futebol. No ano anterior, havia sido membro fundador da Associação de Futebolistas Espanhóis, e em 1984 integrou o conselho de administração da Federação Espanhola de Futebol.

A preponderância no organismo foi crescendo e, em 1988, foi eleito presidente, sucedendo a José Luis Roca. Desde então, foi reeleito sete vezes, mantendo-se há 29 anos no cargo. Foi sob a sua presidência que a seleção espanhola conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1992, assim como os Europeus de 2008 e 2012 e o Mundial em 2010.

Em 2010, Ángel María Villar juntou-se a Gilberto Madaíl, então presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), numa candidatura conjunta entre Espanha e Portugal para a organização do Mundial 2018. A candidatura vencedora acabaria por ser a da Rússia. O Bancada tentou contactar Gilberto Madaíl, sem sucesso.

Villar é ainda vice-presidente sénior do Conselho da FIFA, apenas atrás do presidente do organismo, Gianni Infantino. Já na UEFA, o espanhol é um dos vice-presidentes do Comité Executivo. Fernando Gomes, atual presidente da FPF, ocupa a mesma posição.

Já Gorka Villar, filho de Ángel María, também é advogado e colaborou na candidatura ibérica. Foi um dos visados de Eugenio Figueredo, antigo presidente da CONMEBOL (Confederação Sul-Americana de futebol), aquando da confissão dos crimes de corrupção que cometeu. Gorka, desde 2014, é diretor geral da CONMEBOL, o “embrião da corrupção que afetou os altos dirigentes da FIFA”, segundo o ‘El País’.

José Luis Chilavert, antigo guardião paraguaio, foi mais longe e assegurou que “Gorka é o cérebro da máfia corrupta que está a governar o futebol sul-americano”.