Pepe (à esquerda) e Gianni Infantino (presidente da FIFA, à direita) estiveram diretamente ligados aos dois temas
A medalha de bronze conquistada por Portugal na Taça das Confederações e a controversa decisão do árbitro no Chile-Alemanha, que terminou com a vitória germânica por 1-0, mereceram destaque nas edições desta segunda-feira de vários jornais estrangeiros.
Para além da Seleção Nacional, com Pepe à cabeça, a imprensa internacional tem ainda em Milorad Mažić um dos principais visados. O juiz da final da Taça das Confederações não foi poupado pelas publicações europeias.
Pepe ‘à Sergio Ramos’, Rui Patrício e André Silva
Os espanhóis do ‘AS’ descreveram o jogo do último domingo de forma curiosa, considerando que foi “uma guerra sem quartel”, e adjetivou o golo de Pepe como uma inspiração ‘sergioramesca’.
“Para um jogo para o terceiro lugar, um que ninguém jogar, foi uma guerra sem quartel em que Portugal ganhou de forma heróica. Sem Cristiano, [Portugal] deu a volta graças à inspiração ‘sergioramesca’ de Pepe aos 91′. Antes, o México tinha-se colocado em vantagem graças a um golo na própria baliza de Neto. O mencionado empate de Pepe levou o jogo ao prolongamento. Nele, Adrien Silva terminou a reviravolta de penálti depois de uma mão de Layún”, escreveu o ‘AS’.
Também de Espanha, o ‘Mundo Deportivo’ não poupou os elogios ao encontro realizado entre Portugal e México. “Um penálti defendido, um golo na própria baliza, outro em tempo de descontos, dois expulsos… Não se pode pedir mais a um jogo de futebol. E isto é o que se viveu ontem no estádio do Spartak Moscovo no jogo pelo terceiro e quarto lugar da Taça das Confederações”, disse a publicação.
Tal como os colegas do ‘AS’, o Mundo Deportivo comparou Pepe a Sergio Ramos. “Ganhou Portugal sem Cristiano Ronaldo um bronze que o México já saboreava até que Pepe marcou ‘à Sergio Ramos’: ‘in extremis’ e indo com tudo. Quando a seleção tricolor já se via no pódio, o ex-madridista rematou uma bola para o fundo das redes com a sola e permitiu à sua equipa jogar o prolongamento e, finalmente, vencer o jogo depois do 2-1 final graças a um penálti convertido por Adrien Silva (104′). Nem um enorme Ochoa pôde salvar o México”, pode-se ler no ‘Mundo Deportivo’.
Em Itália, o ‘La Gazzetta dello Sport’ focou-se em André Silva, novo ponta-de-lança do AC Milan. Para os transalpinos, o ex-FC Porto não deve estar muito satisfeito com a sua prestação na Taça das Confederações. “Portugal surge com a medalha de bronze n estádio do Spartak Moscovo depois do 2-1 frente ao México no prolongamento, mas André Silva não tem muitas razões para estar feliz”, disse o jornal.
Já o diário francês ‘L’Èquipe’ frisou que Portugal deve a vitória a Rui Patrício, guardião da equipa de Fernando Santos, mas, tal como o ‘Mundo Deportivo’, não esqueceu a exibição de Ochoa, colega de posição do jogador do Sporting.
“Sem Cristiano Ronaldo, Bernardo Silva ou Guerreiro os jogadores da Seleção arrebataram o terceiro lugar ontem, frente ao México (2-1 a.p.). Eles devem [a vitória] ao guarda-redes Rui Patrício, brilhante e apenas batido por um autogolo de Neto (54′). No lado oposto, Ochoa havia dado espetáculo muito antes, frente a André Silva num penálti graças ao vídeo-árbitro (16′), e especialmente contra Gelson Martins (61′). Mas não contou com Pepe (91′). Adrien Silva deu a vitória de penálti (104′) e o final do jogo transformou-se em nada (expulsões de Semedo, Jiménez e Osorio, o selecionador mexicano)”, escreveu o ‘L’Èquipe’.
Milorad Mažić debaixo de fogo
Alvo dos holofotes foi também Milorad Mažić, árbitro do Chile-Alemanha. O sérvio foi muito criticado por não expulsar Gonzalo Jara, do Chile, quando este deu uma cotovelada em Timo Werner, jogador alemão. Tal como o Bancada explicou ontem, o vídeo-árbitro (VAR) sugeriu ao juiz o cartão vermelho, mas Mažić não confiou, decidiu ver por si próprio e acabou por mostrar “apenas” o cartão amarelo.
“Milorad Mažić não fez nenhum favor àqueles que propunham, com Gianni Infantino à cabeça, a implementação imediata da vídeo-arbitragem. O árbitro sérvio deixou passar em claro uma cotovelada de Jara a Werner no minuto 62. Além do mais, nem sequer apitou falta. Perante os protestos dos jogadores alemães, e de alguma indicação recebida pelos árbitros da vídeo-arbitragem, acedeu a rever a jogada e, surpreendemente, só sancionou o central chileno com o cartão amarelo, quando todos esperavam que sancionasse a ação com o cartão vermelho”, referiu o ‘AS’.
O ‘Mundo Deportivo’ concordou, assegurando ainda que é “um VAR que não convence” e que “a Taça das Confederações deixou dúvidas sobre a sua eficácia”.
“A todos aqueles que promoviam o novo sistema de tecnologia de vídeo para terminar com as injustiças depois de erros de arbitragem, lógicos pela dificuldade de decidir algumas ações a um ritmo normal, vão agora ter sérias dúvidas depois de o ter visto na Taça das Confederações. Decisões, tomadas ou não, que podiam ter mudado jogos. Em concreto, os grandes erros do VAR foram em dois partidos do Chule, nas meias-finais e final, os mais importantes”, disse o diário de Barcelona.
Por último, em Inglaterra, o ‘The Guardian’ foi menos agressivo que os espanhóis, mas a opinião foi a mesma: Mažić errou gravemente.
“A tensão aumentou depois de um desentendimento entre os colegas de equipa no Bayern Munique Vidal e Joshua Kimmich, e o árbitro sérvio, Milorad Mažić, admoestou ambos. Mažić foi menos decisivo quando o cotovelo de Gonzalo Jara tocou na cara de Werner num lance junto da linha lateral. A falta foi chamada à atenção pelo VAR e o árbitro foi à linha lateral para analisar as imagens. Surpreendentemente, e depois de uma consideração cuidadosa, Jara recebeu apenas o cartão amarelo”, relatou a publicação britânica.