O lance do golo (não validado) de Cristiano Ronaldo, frente à Sérvia, deu destaque a uma realidade "lamentável": a ausência de tecnologia de linha de golo numa competição tão importante como a fase de qualificação para o Mundial2022.
Pedro Henriques, ex-futebolista, fala em “escandaleira” e acusa a UEFA de ter “nariz empinado”, o que a impedirá de assumir o erro, que prejudicou Portugal e o futebol, para corrigi-lo, em futuros jogos.
“A UEFA tem nariz empinado para ceder a meio da qualificação. Mas acho que era uma boa medida a favor do futebol. Depois desta escandaleira, pelo menos a tecnologia da linha de golo”, defendeu o ex-futebolista, num comentário na SportTV.
Pedro Henriques lembra que os jogadores fazem grandes sacrifícios, para participar em jogos de qualificação, algo que aquela entidade deveria respeitar, tomando medidas.
“A UEFA a poupar dinheiro, com jogadores a fazer sacrifícios? Os jogadores têm jogos seguidos, saem dos clubes, andam a viajar, enfrentam a covid-19, são obrigados a fazer particulares, qualificações para o Mundial, para o Europeu... Os jogadores sacrificam-se. As Federações deveriam pressionar a UEFA”, defendeu.
E se o empate com a Sérvia não pode ser revertido, o mesmo não se pode dizer em relação à integridade das competições sob a égide daquele organismo.
“Relativamente ao nosso jogo, não há nada a fazer. Mas que este incidente sirva para pressionar a UEFA, para, nas próximas jornadas, ter, pelo menos, a tecnologia da linha de golo. O VAR gera discussão, a tecnologia da linha de golo não”, aponta.
Pedro Henriques recorda um lance que custou o apuramento à França. E lamenta que, desde então, a UEFA não use os elevados meios financeiros de que dispõem para melhorar o futebol.
“Já depois de ter acontecido a mão na bola do Henry, que custou o apuramento à Irlanda e permitiu a qualificação da França, isto é um desrespeito para a competição. A UEFA é uma organização que tem recursos financeiros”, lembra.
O árbitro reconhece que errou. Danny Makkekie, que apitou o Sérvia-Portugal, pediu desculpa a Fernando Santos. “Trabalhamos sempre para tomar boas decisões. Quando somos notícia desta forma, não ficamos satisfeitos”, escreveu Makkekie.
No entanto, Pedro Henriques iliba o juiz: “O erro não é dele. É do auxiliar. A bola entrou e entrou bem. Mais de um palmo. O auxiliar teria a obrigação de ver. Não viu, não marcou. Daí que era fundamental ter a tecnologia da linha de golo. Imaginemos que isto era o último jogo e que Portugal não ia ao Mundial por causa deste lance...”.
O ex-futebolista e comentador da SportTV acredita que “será em Portugal que se vai decidir a qualificação”, no embate, precisamente, diante da Sérvia. “O erro é grave, do árbitro auxiliar, e um erro da UEFA, que desvalorizou a qualificação para o campeonato do mundo”, acrescenta Pedro Henriques.
Relativamente à reação de Cristiano Ronaldo, que também Fernando Mendes compreendeu, Pedro Henriques não vê qualquer problema. E lembra que em momento algum o capitão abandonou o relvado: “Não vejo que haja problema. Diz-se que Cristiano abandonou o relvado antes do jogo terminar. Ou eu vi mal, ou muita gente viu mal. Ele mandou a braçadeira e não deveria tê-lo feito, mas foi o primeiro a reconhecer. Não vejo que isso seja uma falta de respeito com ninguém: nem com os companheiros, nem com o selecionador”.
A reação de Ronaldo “não é anormal, em relação àquilo que aconteceu”. “Imaginemos, no campeonato português, num jogo entre grandes, acontecer isto. É um erro do árbitro auxiliar. Eu aceito o erro. Temos de aceitar. Mas o maior erro é da UEFA. Isto é um desrespeito pela competição. Estamos a falar de uma qualificação para o campeonato do mundo. Só passa uma equipa”, conclui o ex-jogador.