Carl Ikeme chegou ao Wolverhampton WFC com 14 anos e durante toda a carreira pertenceu ao clube. Agora, é hora do adeus.
Mais uma história em que a saúde decidiu pregar uma partida na carreira e na vida de um futebolista. Carl Ikeme, guarda-redes que pertenceu ao Wolverhampton WFC durante toda a carreira, anunciou a retirada do desporto rei, com apenas 32 anos, esta sexta-feira. A causa do abandono precoce está assente no combate à leucemia, que já dura há um ano. Os médicos aconselharam o internacional nigeriano a deixar para trás a carreira e focar-se a cem por cento na recuperação após 12 meses de intensas sessões de quimioterapia.
“O meu último dia como futebolista”, escreveu Ikeme na conta pessoal de Twitter nesta sexta-feira. O anúncio foi feito pelo próprio aos colegas de equipa durante o treino de terça-feira, em Compton. Entres os atuais companheiros de equipa de Ikeme estavam os portugueses Rui Patrício, Rúben Neves, Diogo Jota, Ivan Cavaleiro, Hélder Costa, João Moutinho, Rúben Vinagre e Pedro Gonçalves. Ikeme já não fez qualquer jogo na temporada passada, pelo que não esteve muito tempo sob o comando técnico do treinador Nuno Espírito Santo, que tomou as rédeas do Wolves em 2017.
Chega, assim, ao fim uma ligação de 18 temporadas entre Ikeme e o Wolverhampton. Embora tenha sempre pertencido ao Wolves, o guardião dez vezes internacional pela seleção da Nigéria passou também por outros emblemas a título empréstimo: são os casos do Doncaster Rovers, Middlesbrough, Leicester City, Queens Park Rangers, Sheffield United, Charlton Athletic, Stockport County e Accrington Stanley. “Tem sido incrível pessoalmente para mim ter estado no Wolves dos 14 aos 31 anos”, referiu Ikeme. Pelo Wolverhampton, foram 206 os jogos oficiais que realizou, desde 2000, tendo somado duas promoções. De salientar que a Nigéria homenageou o guarda-redes para o Mundial deste ano, ao nomeá-lo como o 24.º membro da comitiva para a Rússia.
18 years. #OneCarlIkeme
☝️? pic.twitter.com/hxdZf2Ce1t
— Wolves (@Wolves) 27 de julho de 2018
“Tendo estado no clube desde os 14 anos, o Carl é muito mais do que somente um jogador aos nossos olhos – ele é nosso irmão e uma parte importante da nossa família.” Foi desta forma que Jeff Shi, diretor executivo do Wolverhampton, descreveu o sentimento que o clube nutre pelo jogador que agora vê sair. “Quando ele nos deu a novidade, houve tristeza, mas também muita felicidade por vê-lo tão saudável e com fome das oportunidades que agora tem pela frente. O Carl é forte, um lutador, algo que provou ao longo da sua carreira e também durante aquele que tem sido um período muito desafiante para ele. Então, não tenho dúvidas de que ele terá sucesso em qualquer coisa que faça a seguir. Desejamos tudo do melhor ao Carl para o futuro, mas lembrá-lo que ele fará sempre parte da família do Wolves”, atestou ainda o dirigente em declarações reproduzidas no site do clube.
Ao longo do dia, têm sido inúmeras as homenagens do Wolverhampton, de colegas de equipa de Ikeme e até mesmo da própria Liga Inglesa. O laço entre o internacional nigeriano e o clube é inegável. “Tenho estado em contacto regular com o Carl durante o ano muito complicado para ele e a sua família, e tenho ficado constantemente admirada com a sua força, positividade e coração num período de muita adversidade”, refletiu Laurie Dalrymple, diretora do Wolverhampton.