Antigo Presidente da República numa entrevista marcante
Antigo Presidente da República, Ramalho Eanes foi entrevistado na ‘RTP’ num momento que tem feito Portugal refletir por causa da Covid-19. O ‘General’, como é também conhecido, assumiu de forma sincera e frontal que dada a sua idade entregaria um ventilador a alguém mais novo, se fosse preciso pelo bem da nação.
“Nós, os velhos, temos a obrigação de dizer aos outros que isto já aconteceu, já se ultrapassou, será ultrapassado”, lembrou o primeiro Presidente da República eleito após o 25 de Abril de 1974.
Certo de que esta é “uma batalha de todos”, Ramalho Eanes diz que é preciso dizer ao povo português que “o medo é razoável” mas “é de nossa obrigação ultrapassar”.
“Nós, os velhos, fomos os primeiros a dar o exemplo. Não saímos de casa, recorremos sistematicamente aos cuidados que nos são indicados e mais, quando chegarmos ao hospital, se for necessário, oferecemos o nosso ventilador a um homem que tenha mulher e filhos”, afirmou.
Ramalho Eanes lembrou ainda os portugueses que este é um tempo em que é necessário pensar “mais no nós que no eu” e sustenta que Marcelo Rebelo de Sousa, chefe das forças armadas, deveria ter mobilizado as tropas “há mais tempo”.
O antigo chefe de Estado de Portugal salienta ainda que “o homem julgou que era capaz de tudo, que podia dominar tudo”.
“Esta situação pandémica mostra que afinal continua a ser o ser frágil, falível, que tem de estar em permanente ligação e comunhão com os outros”, explicou na entrevista à televisão pública, onde assumiu que na frente da ‘batalha’ não deveriam estar os hospitais.
“Na primeira linha deviam estar não os hospitais, mas a política e as forças de segurança, os partidos, a polícia, as Forças Armadas e nós todos. (…) Os hospitais devem ser uma segunda linha, para lá só devem ir os que estiveram na primeira linha e que precisam de ser apoiados.”