Fora da Bancada
"Jornais estão cheios de muitas coisas, mas muitas delas não se concretizam"
2021-07-09 12:25:00
Medina faz avaliação positiva ao trabalho de Vieira. E integrou comissão de honra em "apoio pessoal, limitado no tempo"

O presidente da Câmara de Lisboa e candidato a novo mandato, Fernando Medina, comentou o apoio concedido a Luís Filipe Vieira, no ano passado, quando fez parte da comissão de honra do dirigente encarnado. Luís Filipe Vieira está, agora, a braços com um processo judicial que já teve uma consequência: Vieira suspendeu o mandato, nesta sexta-feira, dia em que está a ser ouvido pelo juiz, depois de ter sido detido.

Em entrevista à RTP, Fernando Medina manifestou o desejo de que a Justiça atue com celeridade. "Desejo, neste caso, como múltiplos outros casos, que rapidamente seja feita uma investigação, seja ou não deduzida acusação e, se for deduzida acusação, que seja julgada com rapidez", referiu.

Confrontado com uma questão que abordava a necessidade de separar o futebol e a política, Medina foi direto ao assunto, até porque, sendo autarca em Lisboa, aceitou integrar uma comissão de honra de Luís Filipe Vieira, numa altura emjá eram conhecidos diversos diversos processos judiciais com Vieira no centro dos mesmos. 

"Eu sei onde quer chegar. A participação na comissão de honra foi feita a título pessoal, como adepto, feita há um ano, num contexto em que muitas destas coisas não eram conhecidas. Aliás, não havia acusação nenhuma. Fala-se muito na praça pública, os jornais estão cheios de muitas coisas, mas muitas delas não se concretizam", disse.

Relativamente ao apoio expresso a Luís Filipe Vieira, assunto que tem suscitado discussão paralela, no âmbito político, Fernando Medina esclareceu que se tratou de um "um apoio pessoal, limitado no tempo".

E olhando aos mandatos do presidente do Benfica, com o conhecimento que tem hoje, o autarca da capital dá nota positiva a Vieira. "Faço uma avaliação positiva do que foram muitos anos de liderança no Benfica. Nada implica, com as minhas decisões, do ponto de vista político", salientou, nesta entrevista à estação pública.

Fernando Medina sublinha "a grande correção, empenho e tratamento igualitário de todos os clubes da cidade de Lisboa". E parece não concordar com o facto de que a presença numa comissão de honra seja um atestado de honra de qualquer personalidade. Questionado sobre um hipotético erro, ao apoiar Vieira, o autarca lembra que, na época, o cenário era diferente do atual.

"Quando essa questão se colocou, os factos não eram conhecidos, não havia investigação com estas caraterísticas, não havia muito menos uma acusação. Pronunciar-me, um ano depois não me parece fazer sentido. Nem para mim, nem para as pessoas que apoiaram [Luís Filipe Vieira], no pressuposto do reconhecimento do trabalho feito no âmbito desportivo e também no desconhecido de qualquer ilegalidade. Se tivesse esse conhecimento, as coisas seriam diferentes", referiu. 

Será que os políticos precisam do futebol para afirmar a sua identidade e recolher benefícios? Fernando Medina defende uma separação dos dois campos, mas assume a dificuldade em separar o seu papel de adepto. Porém, salienta que nunca exerceu cargos no futebol e na política em simultâneo.

"Defendo essa separação, nomeadamente no exercício de cargos. Não exerço cargos [em clubes] nem exercerei. A questão é saber a fronteira exata onde está o responsável e a vida pessoal do adepto. Tratando-se de uma comissão de honra, do apoio enquanto adepto, não vejo onde esteja em causa a idoneidade do desempenho do cargo público", concluiu.