Fora da Bancada
Empresa endividada de Vieira comprou camarote na Luz para a final da Champions
2021-05-27 10:20:00
Devedora de 54 milhões de euros ao Novo Banco, Imosteps adquiriu camarote na Luz para a final da Champions em 2014

Uma empresa do 'universo' Luís Filipe Vieira salta para a atualidade, nesta quinta-feira, na sequência de uma investigação da revista Sábado, que dá conta que a Imosteps, devedora de 54 milhões de euros ao Novo Banco, comprou um camarote no Estádio da Luz para assistir à final da Liga dos Campeões, em 2014, entre Real Madrid e Atlético Madrid, que os merengues acabariam por vencer.

A referida revista diz que, após consulta de documentos da contabilidade da Benfica Estádio, Construção e Gestão de Estádios, questionou o departamento de comunicação do Benfica para perceber detalhes da entrada desta verba nos cofres da Luz e foram informados que se tratou da compra de um camarote por parte da Imosteps para a final da Champions.

Segundo a publicação, meses mais tarde, a Imosteps acabaria também por fretar um jato privado para uma viagem ao Brasil de uma comitiva que, alegadamente, transportou Luís Filipe Vieira, o filho Tiago Vieira e o sócio Almerindo Duarte.

Quando foi ouvido no Parlamento pelos deputados na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução enquanto presidente da Promovalor, Luís Filipe Vieira assumiu que não andou a esbanjar o dinheiro do então Banco Espírito Santo.

Prometendo pagar as dívidas, Luís Filipe Vieira referiu ainda, por outro lado, que quem assinou o contrato de venda do Novo Banco, que prevê chamadas de capital ao Fundo de Resolução, "devia ser enforcado".

"Quem assinou esse contrato, deve estar pendurado. Não sei quem foi, pendurem-no", disse Luís Filipe Vieira numa audição de quase cinco horas na Assembleia da República, onde insistiu que irá saldar as dívidas.

"Está feito um acordo de reestruturação" no fundo que adquiriu os seus créditos junto do Novo Banco, destacou Luís Filipe Vieira, deixando essa convicção aos deputados.

Na mesma ocasião, Luís Filipe Vieira rejeitou ter responsabilidades nas perdas imputadas aos contribuintes, na sequência da queda do Banco Espírito Santo que levou à criação do Novo Banco.

O empresário referiu aos deputados que "é cómodo" que se crie essa imagem de que Luís Filipe Vieira foi um dos responsáveis pela derrocada da instituição bancária.

A audição de Luís Filipe Vieira no Parlamento voltou hoje à agenda mediática na sequência de declarações de João Noronha Lopes, antigo candidato à presidência do Benfica, que disse que ficou provado que "Vieira precisa do Benfica e não é o Benfica que precisa de Vieira".