Prolongamento
Vieira “usou Benfica para resolver questões do foro privado”, alega queixa
2021-06-11 16:15:00
De acordo com a TVI, que teve acesso à queixa, Mattamouros sustenta que Vieira cometeu diversas irregularidades 

Uma ação judicial contra Luís Filipe Vieira deu entrada no Tribunal da Comarca de Lisboa, interposta pelo advogado Jorge Mattamouros, familiar do ex-candidato à presidência do Benfica João Noronha Lopes. O objetivo dessa ação cível é afastar o presidente do Benfica do cargo, sendo que o clube da Luz já reagiu. 

A TVI aprofunda o tema. A estação televisiva revela que a queixa – que se suporta numa suposta violação dos estatutos – alega que Luís Filipe Vieira estará a “usar dinheiro do clube para a sua esfera privada”. 

Ainda segundo aquele canal, “há uma testemunha que corrobora alegações” de que, entre outras práticas, Luís Filipe Vieira “usou o estatuto de presidente e o Benfica para resolver questões do foro privado, como a reavaliação da dívida ao Novo Banco”.

Já segundo avança o jornal Expresso, o processo movido pelo advogado Jorge Mattamouros – sócio do Benfica, que vive e exerce advocacia nos Estados Unidos – tem como base alegadas violações dos estatutos do clube e outras irregularidades, como alegada fraude no voto eletrónico, nas eleições realizadas em outubro de 2020 e que Luís Filipe Vieira venceu.

De acordo com o autor da queixa, a “conduta de Luís Filipe Vieira confunde a cada passo negócios pessoais com os dinheiros do clube, em violação expressa dos Estatutos, que determinam para esta atuação a perda automática de mandato e inelegibilidade do prevaricador no próximo ato eleitoral”, cita o jornal Novo. 

"O exercício da presidência do clube por Luís Filipe Vieira após 28 de outubro de 2020 não é sequer legítimo, pois tem origem num processo eleitoral 2 repleto de irregularidades, que culminou com fraude no voto electrónico, enquanto as urnas, por abrir, eram levadas na madrugada das eleições para parte incerta, por indivíduos à civil com ligações a Luís Filipe Vieira", acrescenta o mesmo jornal, citando a queixa de Jorge Mattamouros.

O advogado considera que o presidente do Benfica construiu, ao longo de duas décadas, uma teia de poder que lhe permite, segundo o causídico, "controlar o clube", com "poder quase absoluto". Sustenta que "controla em absoluto o sistema de voto electrónico" e "tem influência sobre os cadernos eleitorais", além de que recorre a meios do Benfica, como a BTV, para, alegadamente, disseminar propaganda, com a finalidade de "neutralizar" os seus opositores.

A queixa em tribunal já provocou a resposta da direção do Benfica, que se manifestou hoje “profundamente indignada”. “A Direção do Sport Lisboa e Benfica está profundamente indignada com mais um atentado à dignidade da instituição. Para agredir o SLB, por via judicial, basta ter papel, lápis, advogado e pagar as custas. Como se vê, toda a calúnia pode chegar a Tribunal, mesmo que desprovida de qualquer fundamento”, respondeu o clube, em comunicado. 

Outra reação relevante é a de Noronha Lopes. Apesar de ser um opositor de Luís Filipe Vieira, o ex-candidato à liderança do clube lamentou que os assuntos do clube não sejam resolvidos internamente.  

“Acredito que os problemas do Benfica devem resolver-se dentro de casa, com a participação ativa dos sócios”, disse em curta nota no Facebook, garantindo que a via judicial “não é o caminho” que preconiza “para resolver os temas do presente e do futuro do Benfica”. 

“O autor da ação judicial noticiada hoje é meu amigo e familiar, mas a minha ligação à referida ação termina aí. Respeito a decisão do autor enquanto benfiquista livre e independente, mas distancio-me sem hesitações do rumo escolhido”, acrescentou João Noronha Lopes. 

Também em declarações à TVI, o advogado também fez questão de se demarcar de Noronha Lopes. "Entro com esta ação na qualidade de sócio e não como advogado. Eu não fiz parte de nenhuma lista, sou próximo de um dos candidatos, sei que vão tentar associar isto a Noronha Lopes. Não há qualquer interesse meu, esta ação é contra Luís Filipe Vieira, para libertar o Benfica de Luís Filipe Vieira, é apenas contra ele", referiu, àquela estação televisiva.

Presidente desde 2003, Luís Filipe Vieira é o dirigente que mais tempo lidera o clube, tendo sido reeleito para um sexto mandado, até 2024, com 62,59 por cento dos votos, enquanto João Noronha Lopes teve 34,71 por cento, no ato eleitoral mais participado de sempre na instituição, com mais de 38 mil votantes.