Portugal
SAD do Benfica receia “consequências graves” e abre averiguações internas
2021-07-17 10:50:00
Águias preocupadas com os "impactos negativos" face a um eventual "incumprimento" de Luís Filipe Vieira

A SAD do Benfica anunciou que vai lançar um "processo de averiguações internas", reconhecendo que um eventual "incumprimento de quaisquer deveres legais e contratuais por parte de Luís Filipe Ferreira Vieira" poderá trazer "consequências graves e adversas a vários níveis" para a sociedade encarnada.

Numa adenda ao prospeto do empréstimo obrigacionista, enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, a SAD admitiu o receio de que a operação Cartão Vermelho "ou outros processos que possam vir a surgir" tenham "impactos negativos" na operação financeira.

"Caso venha a ser apurado o incumprimento de quaisquer deveres legais e contratuais por parte de Luís Filipe Ferreira Vieira enquanto desempenhou funções como membro do Conselho de Administração, ou de outros processos que possam vir a surgir e que a Benfica SAD atualmente desconhece, poderão implicar consequências graves e adversas a vários níveis para a Benfica SAD, com impactos negativos (que o Emitente, atualmente e com base na informação disponível, não consegue quantificar) na reputação e imagem do Emitente e, consequentemente, nas atividades da Benfica SAD, na evolução dos seus negócios, nos seus resultados operacionais, na sua situação financeira, nos seus proveitos, no seu património e/ou na sua liquidez, bem como nas perspetivas futuras da Benfica SAD ou na sua capacidade de atingir os objetivos visados", referiu a SAD do Benfica.

Na mesma adenda, a sociedade encarnada reforçou que se encontra "a cooperar com as autoridades competentes, prestando todas as informações que lhe foram ou venham a ser solicitadas e a diligenciar no sentido de apurar os factos relevantes para, conforme previsto na lei, aferir o cumprimento dos deveres legais e contratuais por parte de Luís Filipe Ferreira Vieira enquanto desempenhou funções como membro do Conselho de Administração".

"Nesse âmbito, a Benfica SAD prevê dar em breve início a um processo de averiguações internas para, tendo em conta os deveres legais e estatutários vigentes, apurar todas as responsabilidades aplicáveis", complementaram as águias.

 

A SAD do Benfica reiterou também que desconhecia o acordo para que o investidor norte-americano John Textor adquirisse 25 por cento do capital, frisando que esses negócios nunca foram “mencionados em nenhuma reunião do Conselho de Administração” e salientando que a própria SAD nunca assumiu “qualquer posição contratual em relação a esses negócios”.

“A fazer fé nas informações vindas a público, no que à Benfica SAD concerne, a atuação imputada a Luís Filipe Ferreira Vieira reporta-se ao seu envolvimento num acordo de repartição de receitas com um empresário de Braga, envolvendo a transferência de vários jogadores do SL Benfica e, bem assim, a um suposto acordo com uma entidade terceira para venda de 25 por cento das ações da Benfica SAD”, referia ainda o texto.

Apesar dos “processos judiciais intentados contra a Benfica SAD relacionados com a sua gestão corrente e com o regular desenvolvimento do seu objeto social”, no mesmo período do empréstimo obrigacionista, as águias consideraram que, neste momento, “não existem quaisquer ações de natureza judicial, arbitral ou administrativa (...) que justifiquem a constituição de provisões para o efeito”.

“Qualquer processo de natureza judicial, arbitral ou administrativa pendente ou que venha a ser instaurado no futuro contra o Emitente, tendo em consideração, nomeadamente, aspetos tais como a respetiva relevância e duração, poderá ter impactos na reputação e imagem do Emitente e implicar consequências adversas a vários níveis no desenvolvimento das suas atividade”, referiu ainda a SAD do Benfica.