O antigo vice-presidente do Benfica manifestou-se hoje preocupado com o cenário com que o clube da Luz se depara. Um dia depois de oficializada a candidatura de Rui Costa, e perante um cenário de provável vitória do atual presidente, Gaspar Ramos deixa uma pergunta: “Se Rui Costa nem sequer um bom administrador de futebol, como pode ser um bom presidente?”.

Em declarações à Renascença, Gaspar Ramos sustenta ainda que não foram criadas as condições para que outras candidaturas se apresentassem aos sócios, situação que deixa via aberta para Rui Costa ser legitimado no cargo, nas eleições de outubro. Acresce que houve, segundo Gaspar Ramos, "um movimento natural para promover Rui Costa", em paralelo com resultados desportivos positivos, no campeonato e na pré-eliminatória da Champions.

"Quando se marcam eleições com um período tão curto de tempo para se apresentarem candidatos, naturalmente não é fácil aparecer gente credível que possa avançar, considerando que há um movimento natural para promover a candidatura do Rui Costa", aponta.

Nesta entrevista ao programa Bola Branca, o antigo dirigente encarnado vai mais longe e acusa alguns elementos da direção de se manterem no cargo com a vitória de Rui Costa no ato eleitoral do próximo mês.

"Há um movimento que tem muito que ver, do meu ponto de vista, com a conveniência, ou o interesse de alguns elementos da direção (não digo que sejam todos) em continuar. Portanto, empurram o Rui Costa para esta candidatura, um pouco como fez Luís Filipe Vieira", refere.

Para Gaspar Ramos, "as pessoas andam de certo modo iludidas" com Rui Costa. O antigo futebolista "é uma figura importante, que o próprio Luís Filipe Vieira utilizou, mas mesmo como administrador do futebol foi mau".

"Eu estou à vontade porque o critiquei a administração de Luís Filipe Vieira em relação ao futebol. E o Rui Costa fazia parte da administração de Luís Filipe Vieira e nunca se levantou a contestar as tomadas de decisão do Luís Filipe Vieira e, portanto, é conivente com essa mesma administração", acusa.

Gaspar Ramos não encontra no atual presidente o perfil para liderar um clube com a dimensão dos encarnados: "Além de que o presidente do Benfica ter de ter a capacidade de um verdadeiro gestor. O Benfica é uma empresa, além de ser um dos maiores clubes mundiais. Eu não posso entender que o líder de uma direção não tenha a capacidade, a imagem, o prestígio correspondente à grandeza de um clube como o Benfica".

Nesse sentido, é com natural preocupação o antigo vice-presidente olha para o futuro próximo do clube lisboeta, não obstante os bons resultados na I Liga, apenas com vitórias nas seis primeiras jornadas, bem como a difícil qualificação para a Liga dos Campeões. 

Os bons resultados da equipa de Jorge Jesus não permitem algo que Gaspar Ramos considera essencial: "Fico preocupado porque o Benfica precisava de mudar de ciclo. De constituir uma direção de grande credibilidade, de grande benfiquismo, paixão benfiquista, para conduzir o Benfica nesta transição".

E dadas as circunstâncias, Gaspar Ramos adivinha que a próxima direção adotará o mesmo projeto de Luís Filipe Vieira, com a maioria dos elementos da atual direção. 

Os sócios do Benfica são chamados às urnas no próximo dia 09 de outubro. Ontem, Rui Costa oficializou a sua candidatura, já depois de se saber que João Noronha Lopes não se recandidataria.