Numa altura em que, em Portugal, algumas televisões equacionam o fim de alguns programas de comentário desportivo, Carlos Carvalhal, treinador do SC Braga que chegou a participar em programas onde se discutia futebol, explica como se vive a realidade britânica, por exemplo.
"Em Inglaterra não permitem que haja toxicidade no futebol, porque não há essa cultura na sociedade", contou, em entrevista ao Expresso, dando o exemplo do Manchester United que não tem problemas em criticar ações dos seus jogadores em campo, se assim tiver de ser.
"Não é admissível sequer que haja transgressão à natureza do jogo", realça, na entrevista ao Expresso.
No cenário nacional, Carlos Carvalhal considera que não é bem assim. E lamenta-o, embora reconheça que há gente competente na análise do futebol português.
"Em Portugal, sabes que estamos a falar de 50 por cento de análises extremamente completas, ao melhor nível que há no mundo, porque há gente espetacular a olhar para o jogo, mas depois há os outros 50 por cento de análises enviesadas, poluídas pela clubite".
É esta parte que deixa Carlos Carvalhal desagradado.
"Isso não tem a ver com futebol, tem a ver com clubite e quando há clubite fala-se de tudo menos do jogo e do futebol", referiu Carlos Carvalhal.
O treinador do SC Braga explica ainda que na cultura britânica, quem vai à televisão falar de futebol acaba por ser pago.
"Eu vou à Sky porque me pagam, e bem pago, eu e qualquer outro colega. Claro que também há relações pessoais, mas a relação profissional não é confundida com isso", revelou Carvalhal, que não se mostrou arrependido por, em tempos, ter rumado ao Sporting para orientar a equipa numa altura de turbulência.