Sérgio Conceição lamenta que no futebol português se valorize muito determinados episódios em relação a "quem cumprimentou quem, quem pestanejou" e depois não se dê espaço e tempo ao jogo jogado, avisando que o que se passa dentro das quatro linhas fica dentro das quatro linhas e o que decorre num encontro, fica entre os intervenientes.
"Não sou eu que vou dizer o que é que o Nuno Santos ou o Pote disseram ao nosso banco de suplentes aos nossos jogadores. Ponto. O que acontece no campo, fica no campo. Quem utiliza isso para mascarar o jogo jogado... Faz parte", disse Conceição, prosseguindo o seu comentário a este respeito.
"Se fosse contar tudo aquilo que eu disse e que me disseram a mim, começava aqui hoje e só parava daqui a 10 anos. Muita gente comenta futebol, aquilo que se passa em volta do futebol. Há gente que percebe de futebol, que analisa onde o treinador esteve bem ou não. Outros comentam quem cumprimentou quem, quem pestanejou, quem tossiu. Não há tempo para comentar o jogo. Quem é apaixonado pelo futebol quer falar do jogo. Os subservientes que andam à procura do tachinho comentam tudo o que se passa à volta", afirmou Sérgio Conceição, dizendo que os jornalistas "têm toda a legitimidade de perguntar o que querem" mas ele tem o direito de responder ao que quer.
Ainda assim, o técnico dos azuis e brancos lamentou, por exemplo, que, recentemente, o triunfo sobre a Juventus não tenha sido analisado ao pormenor nas televisões e na imprensa. "O nosso jogo com a Juventus foi muito comentado? A única vez em que o FC Porto ganhou a Juventus? Falou-se? Foi comentado? Não. Não se fala disso. Não há tempo para comentar o verdadeiro jogo."
Em conferência de imprensa de lançamento do jogo contra o SC Braga, nesta terça-feira, e numa altura em que o calendário não dá tréguas, Conceição voltou a insistir na necessidade de se pensar a questão da calendarização.
"Temos tido uma densidade competitiva incrível, mas nunca me queixei de um resultado por isso. Nunca", assegurou Sérgio Conceição, referindo que, no seu entender, "igualdade é ter o mesmo tempo de descanso e o mesmo número de jogadores em campo", explicou o técnico portista.
Sérgio Conceição pediu ainda medidas urgentes no futebol nacional e voltou a lamentar a questão do tempo útil de jogo. "No último jogo fui para casa ver o jogo outra vez. Eram quatro horas de manhã e estávamos a trocar mensagens porque queria que analisassem o tempo útil de jogo. Em cada dez ou 15 segundos o jogo parava. Literalmente."
A este respeito, Conceição disse que no clássico contra o Sporting o tempo de descontos foi curto, em seu entender. "Não acredito que com três tempos de substituição, cinco paragens, oito jogadores que entraram e duas vezes que o árbitro foi ao banco dá três minutos?", interrogou.
Sérgio Conceição salientou ser necessário pensar nestas coisas. "Tem que haver uma reflexão da parte de toda a gente pois é muito importante falar sobre isto para haver competividade em Portugal e chegar à Europa e fazermos boas figuras".
Com as contas do campeonato mais complicadas, Conceição tratou de avisar que a Taça de Portugal "tem a importância que tem" mas realçou que, em relação à I Liga, a questão "ainda não acabou".
"Obviamente está mais difícil", reconheceu o técnico azul e branco, sustentando ser importante bater o SC Braga. "Este jogo pode levar-nos a uma final e para conquistarmos mais um título.".
O embate entre FC Porto e SC Braga está agendado para esta quarta-feira, no Estádio do Dragão, a partir das 20h15, em duelo a contar para a segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal.
O golo fora no empate 1-1 com o SC Braga, na primeira mão das meias-finais, deixa o FC Porto, detentor do troféu, com vantagem para atingir a final da Taça de Portugal de futebol.