Grande Futebol
Odysseas salva Benfica de um estranho 'apagão' em tempo de descontos
2021-09-14 22:55:00
Encarnados controlam jogo em Kiev, mas 'desligam' perto do fim e deram palco para Odysseas brilhar

O Benfica esteve hoje perto de entrar com o ‘pé esquerdo’ no Grupo E da Liga dos Campeões de futebol, mas conseguiu sair de Kiev com um ‘nulo’ (0-0) e sobreviver às ‘taquicardias’ provocadas pelo Dinamo na compensação.

A falta de qualidade coletiva e dinâmica ofensiva dos ‘encarnados’ foram cruciais para manter vivas as esperanças do Dinamo Kiev, que só não alcançou o triunfo porque, à semelhança do que sucedeu no 'play-off' com o PSV, Vlachodimos voltou a emergir como ‘herói’ nos instantes finais do encontro e evitou, aos 90+2 minutos, o que parecia ser o tento mais do que certo dos ucranianos.

Golo esse que chegou mesmo aos 90+3 minutos, numa desatenção benfiquista que só não foi, de facto, capitalizada porque, após receber indicação do VAR, o árbitro Anthony Taylor anulou a jogada finalizada por Shaparenko por fora de jogo.

Num grupo com os ‘tubarões’ Bayern Munique e FC Barcelona, claros favoritos a ficar com as duas primeiras posições, o Benfica desperdiçou em Kiev pontos que podem vir a revelar-se decisivos para a luta previsivelmente ‘desigual’ que vai travar com alemães e catalães – e, tendo em conta o que se viu hoje, também com os ucranianos.

Os bávaros lideram o Grupo E, com três pontos, graças ao triunfo por 3-0 em casa do FC Barcelona, que na segunda ronda vai visitar o Estádio da Luz, em 29 de setembro, enquanto Benfica e Dinamo Kiev somam um ponto.

Face à suspensão de Lucas Veríssimo, Jorge Jesus foi obrigado a ‘desfazer’ o habitual trio de centrais ‘encarnados’, tendo composto o eixo defensivo com Otamendi, Vertonghen e Morato, além de ter mantido o brasileiro Everton no ‘onze’ para a estreia na prova ‘milionária’.

O domínio das ‘águias’ na primeira parte - ainda que consentido pelo adversário – só foi ameaçado por erros próprios da equipa lisboeta, o primeiro do central argentino, que perdeu a bola em zona perigosa e deu origem a um livre que Tsygankov quase concretizou em golo, não fosse a intervenção preciosa de Vlachodimos.

Com o Dinamo a assumir uma postura propositadamente expectante, o Benfica tinha a bola em sua posse, mas raras vezes conseguiu encontrar ‘brechas’ na zona central dos ucranianos, circulando por fora, pelas alas, o que facilitava claramente a tarefa do conjunto de Kiev, bem compacto nos últimos 40 metros.

Foi preciso esperar pelos minutos finais da primeira parte para, finalmente, se vislumbrar um par de lances de perigo construídos pela formação benfiquista: primeiro, através de um livre combinado entre João Mário e Rafa, que apenas assustou Boyko, e logo de seguida, na melhor ocasião, Yaremchuk surgiu em posição privilegiada, mas consentiu a defesa do guardião do Dinamo.

No entanto, os campeões ucranianos não se retiraram para o intervalo sem antes incomodarem Vlachodimos, que se revelou atento perante a tentativa do lateral Mykolenko.

No reencontro com a equipa em que se formou, Yaremchuk esteve longe de ser feliz e voltou a perder o duelo com o compatriota Boyko, de tal forma que, à hora de jogo, acompanhou Everton e Gilberto rumo ao banco de suplentes, de onde foram lançados Darwin, o estreante Radonjic e Lázaro.

As mudanças produziram pouco ou nenhum efeito, já que Darwin é muito mais perigoso a explorar o espaço deixado nas costas de defesas subidas – o que não foi o caso do Dinamo – e Radonjic mostrou estar ainda a adaptar-se à forma de jogar da equipa, sendo que, tal como o uruguaio, é muito mais hábil no ataque à profundidade ou a enfrentar de frente os oponentes.

Se o jogo coletivo do Benfica deixava muito a desejar, pior ficou com as alterações promovidas por Jorge Jesus, e só as iniciativas individuais de Rafa foram permitindo que os ‘encarnados’ se mantivessem perto da baliza do Dinamo Kiev.

As ‘águias’ não só desperdiçaram uma boa oportunidade para somar um triunfo no grupo, como ainda estiveram perto de perder o encontro, valendo-lhes Vlachodimos, que repetiu o desempenho ‘salvador’ de Eindhoven e evitou, em tempo de compensação, o golo ‘cantado’ dos ucranianos, já depois de Shaparenko ter acertado em cheio na barra.

Ficha de jogo

Jogo no Estádio Olímpico, em Kiev
Dinamo Kiev-Benfica, 0-0.

Equipas:

- Dinamo Kiev: Boyko, Kedziora, Zabarnyi, Syrota, Mykolenko, Sydorchuk, Shaparenko, Tsygankov (Karavaev, 76), Buyalskiy, De Peña (Verbic, 76) e Shkurin (Garmash, 60)
(Suplentes: Bushchan, Neshcheret, Verbic, Shepeliev, Shabanov, Lednev, Andriyevskiy, Garmash, Karavaev, Vitinho, Tymchyk e Supryaha)
Treinador: Mircea Lucescu

- Benfica: Vlachodimos, Otamendi, Vertonghen, Morato, Gilberto (Lázaro, 59), Weigl, João Mário (Taarabt, 85), Grimaldo, Rafa (Pizzi, 90), Everton (Radonjic, 59) e Yaremchuk (Darwin, 59)
(Suplentes: Helton Leite, Darwin Núñez, Meité, Seferovic, Diogo Gonçalves, Pizzi, Lázaro, Radonjic, Taarabt, Gedson, Gonçalo Ramos e Ferro)
Treinador: Jorge Jesus

Árbitro: Anthony Taylor (Inglaterra)
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Rafa (21), Yaremchuk (44), Sydorchuk (52), Weigl (71), Zabarnyi (73) e Garmash (82)
Assistência: cerca de 20.000 espetadores.