Prolongamento
"Não foi desígnio do Sporting discutir gosto do leitão e do vinho espumoso"
2021-10-18 10:20:00
"Dirigentes estão mais interessados a decidir se leitão é gostoso à Bairrada ou Negrais", lamenta Dias Ferreira

O futebol nacional enfrenta desafios tendo em vista o desenvolvimento enquanto indústria, até porque, lá por fora, vários são os clubes que entram numa nova realidade, sendo comprados por investidores com muito dinheiro para investir. Assim tem sido nos últimos tempos e, perante os sinais que vão sendo dados, o caminho vai sendo seguido por outros emblemas. Dos casos como o Chelsea, o Manchester City ou o Paris Saint-Germain, não esquecendo o Inter de Milão, múltiplos têm sido os clubes que passam a ter um dono maioritário.

E José Dias Ferreira, antigo presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting, entende que, em Alvalade, essa análise e discussão deveria ser colocada para, com tempo, os associados avaliarem a possibilidade de abertura do capital social da SAD a um investidor externo. O antigo dirigente entende que os desafios do futuro no futebol obrigam a uma discussão com tempo e de forma estruturada.

"Deve ser discutida com ambição e humildade, com cautela e prudência, mas, decididamente, a abertura do capital da SAD a investidores externos", aconselha Dias Ferreira, fazendo notar aos atuais dirigentes do Sporting que essa avaliação junto dos sócios do clube de Alvalade acabaria por gerar maiores proveitos do que reuniões em restaurantes com outros dirigentes, como recentemente fizeram Pinto da Costa, Luís Filipe Vieira (à data líder do Benfica) e outros dirigentes.

É que, na visão de Dias Ferreira, as preocupações dos responsáveis dos clubes portugueses podem ser outras que não as que vê para o 'seu' Sporting. "Parece-me que os dirigentes portugueses estão mais interessados em decidir sobre se é mais gostoso o leitão à Bairrada ou à Negrais", disse em jeito irónico.

Em artigo de opinião que assina no jornal A Bola, Dias Ferreira lembra o objetivo que fez criar o Sporting e realça que "não foi desígnio dos fundadores sermos um clube para discutir o gosto do leitão e do vinho espumoso, mas ser um clube grande entre os grandes da Europa".

E para que o Sporting seja, no futebol, uma potência, Dias Ferreira só vê um caminho: "não se trata de vender o clube ou a alma leonina, mas sim preservá-la e desenvolvê-la para cumprimento do desígnio fundacional".

"Devemos todos refletir, sem complexos, nem sentimentos atávicos, como podemos no futebol tornar o Sporting uma SAD grande, que possa competir com as grandes da Europa", acrescentou Dias Ferreira.

O antigo dirigente dos leões admite que tem idade e experiência que lhe permitem avaliar de forma franca este caminho, não deixando de ter "a lucidez suficiente" para fazer esta reflexão que gostaria que fosse feita por todos os associados do emblema verde e branco.

"Os caminhos têm de ser outros", aconselha Dias Ferreira, que além de ser um antigo presidente da Mesa da Assembleia do Sporting já desempenhou outros cargos diretivos no clube de Alvalade.