A mudança do futebol sul-americano para o europeu costuma representar um desafio extra para muitos jogadores que necessitam sempre de alguns meses de adaptação quer à realidade do país para o qual se mudam, quer para conhecer as dinâmicas do futebol do velho continente.

Porém, existem alguns casos em que o dito período de adaptação costuma ser relativamente curto e rapidamente os jogadores conseguem mostrar serviço pelos clubes que os contrataram. Enzo Fernández é um desses casos de sucesso na adaptação veloz ao futebol europeu. 

Contratado pelo Benfica ao River Plate, Enzo Fernández chegou, viu e 'pegou de estaca' no onze encarnado, merecendo a confiança de Roger Schmidt e rubricando exibições tanto nas provas internas como na Liga dos Campeões que fizeram despertar o interesse do selecionador argentino Lionel Scaloni em levá-lo para o Mundial, onde seria uma das figuras, ao ponto de ser considerado pela FIFA como o melhor jovem jogador do torneio.

Com a cotação de Enzo Fernández a subir no mercado internacional, vários têm sido os clubes atentos às exibições do camisola 13 do Benfica, que a dado momento chegou a estar próximo de rumar a Stamford Bridge. Mas Rui Costa assegurou que só deixará sair o jogador se algum clube acionar a cláusula de rescisão fixada em 120 milhões de euros.

Trata-se de um valor que nem todos os clubes têm à disposição, mas Diogo Luís, antigo jogador das águias e atualmente especialista em assuntos económicos, considera que os 120 milhões de euros a pagar por Enzo Fernández podem não ser um entrave ou risco, até porque outros de menor preço podem acabar por custar mais aos clubes.

"Há jogadores que por 10 milhões de euros são muito mais caros do que o Enzo Fernández por 120 milhões de euros", afirmou Diogo Luís, justificando-se depois.

"Isto tem que ver depois com o rendimento que se consegue tirar deles", explicou o antigo jogador de futebol, certo de que Enzo Fernández tem revelado capacidades para jogar nos mais altos patamares.

"O Enzo Fernández colocou-se sozinho na ribalta. Percebe-se que é um fora de série. Os 120 milhões de euros normalmente são para os avançados mas ele está no centro das máquinas. Ele faz a equipa andar. Ele fez a equipa da Argentina andar e numa posição diferente daquela que faz no Benfica", observou Diogo Luís.

Em declarações num programa de desporto da CNN Portugal, o ex-futebolista lembrou que "estamos a falar de um jogador que se adapta ao contexto e à equipa, independentemente daquilo que o treinador lhe pede".

Enzo Fernández joga "mais recuado, mais avançado, tem visão de jogo e potencia os valores". Daí que Diogo Luís não tenha grandes dúvidas de que pagar 120 milhões de euros não é um risco.

"Os craques são aqueles que não tremem"

"Tem 22 anos, é um jogador para 10 ou 11 anos. Vai ser um dos indiscutíveis da Argentina. Se calhar 120 milhões de euros não é caro, se ele der o rendimento que deu no Benfica e na Argentina", indicou o antigo jogador.

Por outro lado, em relação aos problemas disciplinares que Enzo Fernández enfrentou por alturas da passagem do ano, Diogo Luís realça que acabou por mostrar depois que é forte mentalmente pois voltou à equipa e com exibições de nível.

"Errou e depois de errar teve a capacidade de voltar à performance que tinha antes. Os craques são aqueles que não tremem dentro de campo", disse, completando.

"Ele depois de cometer erro, pelo contrário, voltou ao nível que estava. Foi inteligente e conseguiu manter o rendimento", concluiu Diogo Luís sobre Enzo Fernández.