O Rio Ave falhou hoje o regresso à fase de grupos da Liga Europa de futebol, ao perder nos penáltis diante do ‘colosso’ italiano AC Milan (9-8), após um dramático empate 2-2 no prolongamento.
Numa noite chuvosa em Vila do Conde, os nortenhos sofreram o golo do empate aos 120+2 minutos, quando o castigo máximo convertido por Çalhanoglu levou o jogo do ‘play-off’ para o desempate na marca dos onze metros, onde Aderllan Santos permitiu a defesa a Donnarumma à 24.ª cobrança e desperdiçou um apuramento histórico.
Antes, o Rio Ave já tinha colocado em sentido o emblema heptacampeão europeu e tetracampeão mundial, sem a experiência e o carisma de outros tempos e sedento da superestrela Zlatan Ibrahimovic, ao inverter o golo de Alexis Saelemaekers (51 minutos), com tentos dos suplentes utilizados Francisco Geraldes (72) e Gelson Dala (91).
Apostando num trio de centrais na primeira fase de construção, ladeado pelos alas Ivo Pinto e Carlos Mané, que formavam um quinteto defensivo sem bola, a formação de Mário Silva mostrou-se agressiva no arranque do desafio e até chegou a equilibrar a luta territorial, embora sem espaços livres e decisões lestas para acionar contra-ataques.
Sem concederem remates, os pupilos de Stefano Pioli procuraram rasgos criativos através dos enérgicos Samu Castillejo e Saelemaekers, mas a produção ofensiva durante a meia hora inicial redundou nos livres desenquadrados de Theo Hernández, aos 12, e de Hakan Çalhanoglu, quatro minutos depois, sem incómodos para Kieszek.
Em função das cautelas redobradas do Rio Ave, que condicionaram as movimentações do AC Milan em posse, as duas equipas envolveram-se uma na outra, arrastando o encontro numa toada lenta, previsível e pouco emotiva até ao intervalo, que Carlos Mané tentou destoar aos 41 minutos, num pontapé à figura do guarda-redes Donnarumma.
Os italianos reapareceram com Brahim Díaz no lugar de Samu Castillejo e o médio emprestado pelo Real Madrid conquistou um canto aos 51 minutos, em que Aderllan Santos limpou a solicitação de Hakan Çalhanoglu, mas deixou a bola nos pés de Alexis Saelemaekers, liberto de marcação à entrada da área para bater Pawel Kieszek.
Empurrados pelo vento a favor, os vila-condenses ripostaram num cabeceamento torto de Tarantini, aos 57 minutos, após canto de Filipe Augusto, e resgataram o empate aos 72, num remate potente do recém-entrado Francisco Geraldes, que coroou a melhor jogada ‘verde e branca’ na partida, iniciada pelo trabalho entre Mané e Piazón na esquerda.
O golo deixou o Rio Ave mais confortável e desinibido, até porque o AC Milan, com o português Rafael Leão em campo a partir dos 67 minutos, acusou os efeitos de um golpe inesperado e viveu das investidas de longe de Çalhanoglu e Calabria até aos descontos, quando Aderllan Santos ameaçou a reviravolta e o jogo seguiu para prolongamento.
Se essa façanha já se revestia de surpresa, Gelson Dala tratou de vincar a noite histórica dos nortenhos aos 91 minutos, ao aproveitar um ressalto em Kessié para galgar metros em profundidade e assinar um remate cruzado sob a esquerda, deixando Donnarumma sem reação e as hostes rioavistas em êxtase.
A reação do AC Milan resumiu-se aos ‘tiros’ de Bennacer (105+1 minutos) e Theo (115), ambos travados pelas intervenções decisivas de Kieszek, traído no último suspiro pela mão de Borevkovic na área e pela frieza no castigo máximo de Çalhanoglu, que antecipou os quatro pontapés falhados pelo Rio Ave numa épica maratona de penáltis.
Jogo no Estádio do Rio Ave FC, em Vila do Conde.
Rio Ave - AC Milan, 2-2 ap (8-9 gp).
Ao intervalo: 0-0.
No final do tempo regulamentar: 1-1.
No final da primeira parte do prolongamento: 2-1.
Marcadores:
0-1, Alexis Saelemaekers, 51 minutos.
1-1, Francisco Geraldes, 72.
2-1, Gelson Dala, 91.
2-2, Hakan Calhanoglu, 120+2.
Marcadores no desempate por grandes penalidades:
0-1, Ismael Bennacer.
1-1, Francisco Geraldes.
1-2, Simon Kjaer.
2-2, Aderllan Santos.
2-3, Theo Hernández.
3-3, Nikola Jambor.
3-4, Brahim Díaz.
4-4, Lucas Piazón.
4-5, Hakan Çalhanoglu.
5-5, Filipe Augusto.
5-6, Davide Calabria.
6-6, Gelson Dala.
6-7, Sandro Tonali.
7-7, Gabrielzinho.
7-7, Lorenzo Colombo (por cima).
7-7, Nélson Monte (poste esquerdo)
7-8, Rafael Leão.
8-8, Ivo Pinto.
8-8, Gianluigi Donnarumma (por cima).
8-8, Pawel Kieszek (por cima).
8-8, Ismael Bennacer (defesa do guarda-redes).
8-8, Francisco Geraldes (ao poste direito)
8-9, Simon Kjaer.
8-9, Aderllan Santos (defesa do guarda-redes).
Equipas:
Rio Ave: Pawel Kieszek, Ivo Pinto, Nélson Monte, Aderllan Santos, Toni Borevkovic, Carlos Mané (Gabrielzinho, 109), Tarantini (Nikola Jambor, 75), Filipe Augusto, Lucas Piazón, Diego Lopes (Francisco Geraldes, 66) e Bruno Moreira (Gelson Dala, 85).
(Suplentes: Léo Vieira, Gelson Dala, Francisco Geraldes, Nikola Jambor, Pedro Amaral, Gabrielzinho e André Pereira).
Treinador: Mário Silva.
AC Milan: Gianluigi Donnarumma, Davide Calabria, Simon Kjaer, Matteo Gabbia, Theo Hernández, Ismael Bennacer, Franck Kessié (Sandro Tonali, 106), Samu Castillejo (Brahim Díaz, 46), Hakan Calhanoglu, Alexis Saelemaekers (Lorenzo Colombo, 95) e Daniel Maldini (Rafael Leão, 67).
(Suplentes: Ciprian Tatarusanu, Sandro Tonali, Rafael Leão, Brahim Díaz, Lorenzo Colombo, Rade Krunic e Diego Laxalt).
Treinador: Stefano Pioli.
Árbitro: Jesús Gil Manzano (Espanha).
Ação disciplinar: Cartão amarelo para Toni Borevkovic (15 e 120+1), Bruno Moreira (41), Aderllan Santos (47), Theo Hernández (61), Tarantini (68), Rafael Leão (98) e Simon Kjaer (113). Cartão vermelho por acumulação de amarelos para Toni Borevkovic (120+1).
Assistência: Jogo realizado à porta fechada devido à pandemia de covid-19.