Portugal
“Estádio do Benfica do futuro vai ser o Tesla dos estádios”
2020-10-29 18:35:00
Está em curso um estudo para a remodelação do Estádio da Luz, que prevê maior lotação e aposta na tecnologia

O Benfica tem em curso um estudo que prevê uma remodelação do Estádio da Luz, empreitada que contempla um aumento de capacidade para 80 mil lugares, por uma intervenção na estética exterior e também por sistemas de robótica, para permitir, por exemplo, que o relvado pode ser removido e seja possível a realização de mais eventos.

A revelação foi feita por Damon Lavelle, que projetou o recinto, em 2003, numa corrida contra o tempo e com poucos recursos económicos. Em entrevista ao jornal O Jogo, o arquiteto confirma que decorrem negociações e levanta o véu sobre o que poderá ser o futuro palco benfiquista.

“O melhor da tecnologia é fazer as coisas por módulos, remodeláveis, de forma multifuncional, e que possa ser atualizado. A Tesla faz isso. E o Benfica pode ser o primeiro estádio Tesla nesse sentido. Isto porque o Tesla é autónomo, conduz o futuro, é um veículo inteligente, é modular, tem atualizações de software e está conectado. Portanto, o Estádio do Benfica do futuro vai ser o Tesla dos estádios”, diz Damon Lavelle, àquele diário.

O arquiteto revela também que, quando o Estádio da Luz foi projetado, os recursos financeiros do Benfica eram escassos. E que o projeto original contemplou todas as alterações que estão agora em cima da mesa.

Desde logo o aumento de capacidade: os cerca de 65 mil lugares eram suficientes, na altura, mas o projeto previu ampliar essa capacidade, com betão suficiente para a colocação “um quarto nível”, na estrutura, a toda a volta do estádio.

“Quando construímos a Luz em 2003 garantimos a capacidade de haver mais espaço na parte de cima. Pensámos no futuro. Na altura, não fizemos isso porque não tínhamos tempo nem dinheiro, mas o Mário Dias [responsável que conquistou o título de ‘pai da nova Luz’] disse logo: ‘Havemos de o ter’", resume.

Damon Lavelle assume que aquando da construção do reino das águias se optou por uma solução de baixo custo, mas “a pensar numa expansão futura”.

E é precisamente nessa situação que o Benfica se encontra: com condições financeiras de que em 2003 não dispunha e com tempo que, na altura, em vésperas da organização do Euro’2004, escasseava.

A parte estética também está prevista, neste estudo que está numa fase prévia. A fachada do Estádio da Luz deve merecer uma remodelação assinalável.

Mas será na tecnologia que o recinto irá destacar-se. “É caso para nós pensarmos como pode o clube obter mais receitas para investir em jogadores, para ter mais sucesso. Em relação a tecnologias, temos aí o 5G, que vai trazer grandes mudanças”, diz o arquiteto.

Nas áreas da robótica e da inteligência artificial, destaca-se um novo sistema de relvado, que permite a remoção, com a finalidade de o Benfica poder realizar mais eventos, como concertos musicais. O objetivo é rentabilizar o estádio em eventos extradesportivos.

O Benfica realiza poucos concertos, em virtude dos danos que esses eventos provocam no relvado e nos custos que esses danos acarretam. Lavelle garante que a tecnologia permitirá corrigir esta lacuna.

A questão que se coloca, nesta altura, é o contexto pandémico, que pode alterar calendários para esta nova empreitada – que está a ser preparada pelo menos desde 2019, de acordo com o arquiteto, que dá conta de encontros prévios com Luís Filipe Vieira. “Agora, vim cá pelo 17.º aniversário da inauguração e aproveito para me reunir com as pessoas”, diz.

Por definir está o investimento nesta obra de remodelação, bem como o calendário para a execução da mesma. “É apenas um estudo, mas há reuniões a decorrer”, revela ainda, sendo que a direção encarnada irá decidir que nível de investimento pretende.

A entrevista, publicada nesta quinta-feira, foi concedida ao jornal O Jogo antes da reeleição de Luís Filipe Vieira. O dirigente encarnado foi reconduzido para novo mandato, que será o último.