O futebol é, para muitos, um dos chamamentos da vida que tantas vezes envolve a crença e a devoção. A luta pela vitória é uma constante, mas é preciso que a doutrina seja cumprida à risca.
E se os mandamentos no mundo da bola estão há muito mais do que revelados, e os segredos desvendados, é preciso entrar em campo sempre com a certeza de que é preciso fé naquilo que se vai fazer.
Acreditar antes do acontecer é a palavra fulcral. É que nem o plano mais pormenorizado resultará se o grupo, no seu todo, não se deixar envolver com obediência. E fé naquilo que é proposto.
Os mandamentos do Dumiense/CJP II no Campeonato de Portugal
Por outro lado, mesmo quando as coisas correm mal, é no balneário que tudo se resolve, até porque, diz o povo do alto da sua sabedoria, “quem está no convento é que sabe o que lhe vai dentro”.
E porque no futebol nem tudo acontece como se quer ou se prepara face aos imponderáveis típicos de um jogo, por vezes, a Via Sacra vai a meio, mas a cruz fica demasiado pesada. Aí é preciso fazer uma reflexão e ver onde moram os pecados.
Quem é do futebol sabe que nem tudo está mal quando se perde, nem tudo está bem sempre que se ganha. Isto é, mesmo nas vitórias e enquanto muitos se envolvem no rito da consagração, há erros que os treinadores identificam e querem melhorar.
A ideia é que nas ocasiões seguintes os discípulos do futebol consigam aplicar aquilo que está nos ‘livros’, numa obediência ao plano tático, quando voltam à ‘catedral’ ou a uma qualquer ‘basílica’ do futebol.
Por Braga, no Campo Celestino Lobo, o Jogo do Povo encontrou uma equipa que tem fé no sucesso desportivo. O Dumiense/CJP II subiu pela primeira vez ao Campeonato de Portugal há um ano e tenta manter-se no ‘altar’ dos campeonatos nacionais mais tempo.
O clube que nasceu da associação ao Colégio João Paulo II (uma instituição católica local) vai fazendo pela vida, tentando que a cada eucaristica dominical o sucesso fique mais próximo.
A competir na Série A do Campeonato de Portugal, o Dumiense luta pela sobrevivência e foi sobre esse e outros temas que o Jogo do Povo conversou com Joel Marques, avançado da turma minhota.
Desde logo, o atleta admitiu que ao longo da caminhada tem sido necessário ajustar pensamentos, projetos e objetivos.
“Inicialmente passava por subir de divisão, infelizmente as coisas não correram bem e neste momento passa por manter”, admitiu Joel Marques.
Dumiense/CJP II
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Nome: Dumiense/Colégio João Paulo II Futebol
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Associação: AF Braga
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Estádio: Campo Celestino Lobo
Em entrevista ao Bancada, o avançado de 25 anos reconheceu que as coisas estão encaminhadas, mas a equipa continua focada em dar tudo e deixar tudo em campo pelo sucesso desportivo.
E se este chegar como é sua crença, Joel Marques acredita que todos saem a ganhar. Ele próprio, logicamente, até porque a vida é feita de sonhos e metas.
“O meu objetivo é chegar o mais longe possível. Gostava muito de jogar na I Liga”, admitiu o avançado do Dumiense, contando que ao longo da carreira de futebolista tem enfrentado algumas dificuldades mas a alegria da bola faz tudo “valer a pena”.
“Nos primeiros anos jogava e trabalhava. Saía de casa às 8h00 e chegava a casa às 23h00 da noite”
“Fazemos muitos esforços entre a formação e depois já a nível sénior. As coisas são muito difíceis. Por vezes não é só a qualidade, também é preciso muito esforço e dedicação”, referiu Joel Marques ao Jogo do Povo, recordando que, em tempos, o relógio avançada demasiado rápido para tantas tarefas que tinha de conciliar.
“Nos primeiros anos jogava e trabalhava. Saía de casa às 8h00 e chegava a casa às 23h00 da noite”, lembrou, sublinhando que isso era feito “por causa do sonho”.
E se o sonho comanda a vida, a do jogador do Dumiense foi sempre vivida com uma bola entre os pés. E o pensamento. Bem desde os tempos em que morava na Rua Sacra Família, entre o Bairro Nova Sintra e Mariadeira, próximo da Igreja Matriz da Póvoa de Varzim.
Postes de secar roupa como balizas para a jogatana
Foi por aí que aprendeu os mandamentos do futebol. “Cresci num bairro e lá tinha um parque com um campo, desde muito novo que jogava à bola lá e atrás do meu prédio numas garagens”, recordou Joel Marques.
Esses eram os tempos em que as balizas eram improvisadas à boa maneira da originalidade dos tempos de criança.
“A baliza era formada por dois postes de secar a roupa”, disse o avançado, entre sorrisos, acrescentando que esse era o tempo em que não se contava o tempo de jogo mas era alargado. Com direito a prolongamentos do tamanho de 90 minutos e mais uns tempos extra.
“Passava tardes e tardes a jogar”, recordou Joel Marques nesta entrevista ao Jogo do Povo, no Bancada.
O futebol esteve sempre na linha da frente e foi a praia preferida deste poveiro. “Foi sempre futebol, também joguei futsal durante uns anos mas o futebol sempre foi a minha paixão”, reconheceu.
Aquele era o tempo em que o aquecimento para o treino já ia feito com a passada larga pelas ruas até ao campo da formação.
Aquele era o tempo em que sonhava ser como os craques que lhe entravam pela televisão dentro Cristianos Ronaldos e Messis, sendo que o português sonhava com um dos nomes maiores da portugalidade.
“Quando era pequeno queria ser o Cristiano [Ronaldo]”, contou Joel Marques.
A visita de Cândido Costa ao estágio
Falar do Dumiense é falar também de um momento que marcou o plantel na época desportiva: a visita a Alvalade para a Taça de Portugal.
Titular nesse encontro, Joel Marques recorda que na semana que antecedeu a visita a uma das ‘basílicas’ mais emblemáticas da fé desportiva nacional, o ambiente foi diferente.
“Essa semana foi uma semana diferente para nós”, disse, lembrando que foi um tempo com “muitas câmaras, muitas entrevistas” e não só. Houve até direito a uma visita especial.
“Durante o estágio, o Cândido Costa esteve connosco e estava sempre a contar histórias. Estávamos sempre a rir”, declarou o camisola 7 do Dumiense, sendo que as revelação, como em confissão, ficam em segredo.
O que não é segredo é que como o Dumiense são muitas as equipas por este Portugal fora que lutam todos os dias para fazerem verdadeiramente este ser o Jogo do Povo.