Grande Futebol
Clubes europeus mais perto de avançar com Superliga à revelia da UEFA
2021-04-18 17:05:00
Real Madrid, Barcelona, Juventus, AC Milan e cinco clubes ingleses entre os signatários, avança o NYT

Um grupo de “pelo menos 12” clubes europeus, incluindo “seis proeminentes” emblemas da Premier League, estão prestes a finalizar a criação de uma Superliga Europeia à revelia da UEFA, que vai anunciar amanhã o novo formato da Liga dos Campeões, avançou o jornal The New York Times.

Segundo o artigo da autoria de Tariq Panja, o mesmo jornalista que apontou o Benfica como “uma instituição mais poderosa do que qualquer governo” em Portugal e criticou Pinto da Costa por escolher Rui Moreira para o Conselho Superior do FC Porto, o grupo de fundadores da Superliga Europa será composto por seis clubes ingleses (Manchester United, Liverpool, Manchester City, Arsenal, Chelsea e Tottenham), três espanhóis (Real Madrid, Barcelona e Juventus) e três italianos (Juventus, AC Milan e Inter Milão). Destes, faltará apenas a decisão final de City e Inter.

Este grupo “tem pressionado outros clubes, como os alemães Bayern Munich e Borussia Dortmund”, a juntarem-se à iniciativa. “Também o campeão francês Paris Saint-Germain foi convidado, mas tem resistido às investidas”, adiantou Tariq Panja, lembrando que o emblema é presidido por Nasser al-Khelaifi, dirigente da UEFA e da rede televisiva beIN Media Group, “que tem pago milhões à UEFA pelos direitos de transmissão dos jogos da Liga dos Campeões”.

O objetivo passa por criar uma Superliga Europeia com 20 equipas, dividida em dois grupos de dez. A prova está a ser desenhada à revelia da UEFA e da FIFA, que já deixaram no ar a hipótese de avançarem com sanções contra os clubes que participarem em provas não reconhecidas por estes organismos. Porém, os valores envolvidos são suficientes para levar os clubes a pensarem duas vezes: de acordo com o artigo, só o 'prémio de assinatura' será de 350 milhões de euros.

As reações ao artigo do The New York Times não tardaram. Javier Tebas, presidente da liga espanhola e recentemente eleito como representante das ligas europeias no comité executivo da UEFA, afirmou que a falada Superliga Europeia não passará de “uma liga Power Point”. “Estes clubes demonstram uma total falta de compreensão de como funciona a indústria. Claro que nem a UEFA nem as ligas a vão aceitar”, comentou Tebas.

Num comunicado conjunto, a UEFA, as federações e as ligas de Inglaterra, Espanha e Itália reagiram ao artigo, considerando o projeto "cínico". "A UEFA, a Federação Inglesa, a Premier League, a Federação Espanhola, a La Liga, a Federação Italiana e a Serie A ficaram hoje a saber que alguns clubes ingleses, espanhóis e italianos podem vir a anunciar a criação de uma liga fechada, denominada de Superliga. Se o projeto for avante, os organismos que assinaram este documento querem reiterar que vão permanecer unidos na missão de travar este projeto cínico, criado para o interesse de alguns numa altura em que a sociedade precisa de mais solidariedade do que nunca", adiantaram os organismos.

Em Portugal, Domingos Soares de Oliveira, administrador da SAD do Benfica, já se manifestou contra a ideia da criação de uma Superliga Europeia. "Ao contrário do que sucede nos Estados Unidos, na Europa os adeptos gostam do sistema de subidas e descidas e a meritocracia é aquilo que é reconhecido por todos. (...) As competições internacionais são muito importantes e claro que todos gostam de estar na Liga dos Campeões, mas a nossa natureza reside nas nossas bases, que são a nível nacional. Claro que consigo entender que alguns grandes clubes queiram forçar este conceito de uma Superliga, mas para os nossos adeptos, em termos de competitividade, o que importa é o que acontece em Portugal", comentou o dirigente encarnado.