Francisco Benítez, líder do movimento 'Servir o Benfica', considera que a entrevista de Rui Costa à TVI marca o início da candidatura do atual presidente do Benfica, ainda que o dirigente não assuma a intenção de avançar, nas próximas eleições, que decorrerão até ao final do ano.

"A candidatura de Rui Costa começou ontem. A entrevista, se não foi totalmente planeada, teve grande planeamento. Não foram colocadas perguntas incómodas. Foram colocadas perguntas para as quais Rui Costa tinha a resposta preparada. E foram respostas que uma certa fação do Benfica queria ouvir. Rui Costa começou a falar para o seu público. A campanha de Rui Costa para a presidência começa com esta entrevista", afirmou, em declarações à Antena 1. 

"Vieira já não está no Benfica, mas o Vieirismo continua lá. Está para ficar o ‘quero, posso e mando’, este discurso narcisista que se viu em Rui Costa é o mesmo a que Vieira nos habituou", assinala ainda, em tom crítico.

Francisco Benítez encontra algumas incongruências no discurso de Rui Costa, quando o dirigente pede estabilidade, para justificar o foco na equipa de futebol. "Essa estabilidade que se quer é contrariada com determinadas situações que vêm a público. Situações como a do investidor John Textor, ou outras, desestabilizam mais do que uma assembleia-geral extraordinária ou um regulamento eleitoral para eleições futuras. Mas o que temos visto é o contrário: ataca-se primeiro os sócios do Benfica, em vez de limpar a casa", acusa.

Quando fala neste ataque aos sócios, Francisco Benítez reage a uma crítica em que foi visado, já que Benítez acusou Rui Costa de fazer negócios no Benfica, através da empresa Footlab. O presidente do Benfica considerou que se trata de uma "canalhice".

"Não justifica que possa valer tudo para denegrir a minha imagem. É uma canalhice, as pessoas que referiram isso sabem perfeitamente o que é a Footlab. Não tenho nada a esconder sobre isso. Quero ser avaliado como presidente e não como ex-jogador e menino do Benfica. Há coisas que não me conseguem tocar: na minha honra e relação de amor com este clube. Não preciso de trazer os meus contratos para justificar a minha relação de amor com este clube", disse ontem Rui Costa.

Já o antigo vice-presidente do Benfica, António Figueiredo, considera à mesma rádio que Rui Costa foi “extremamente sereno” nesta entrevista à TVI.

O ex-dirigente elogia os esclarecimentos do presidente e aponta apenas uma falha: “Ficou por aclarar uma coisa que eu, como benfiquista, considero fundamental, antes das eleições. Terá de haver uma alteração do regulamento eleitoral e, por outro lado, dos estatutos, que precisam de uma pequena alteração. A questão também não lhe foi colocada...".

António Figueiredo concorda com a ideia de que a prioridade deve ser a união, nesta altura decisiva, em que o clube prepara a pré-eliminatória da Liga dos Campeões. "Quem é Vieirista e quem é antiVieira está de acordo que o principal é o Benfica. O ideal, agora, é uma acalmia nas hostes. O Benfica não pode ficar mais um ano afastado da Liga dos Campeões", completa.