Prolongamento
"Anos 80/90 não lixaram quem se entregou à arbitragem, antes, sim, libertaram"
2022-07-04 10:25:00
"Centro do poder é por definição um porto de abrigo para lunáticos e respetivos comportamentos", diz ex-árbitro Coroado

A arbitragem é um tema recorrente anualmente. Nos corredores do futebol português diz-se há várias épocas a esta parte que uma unanimidade entre clubes existe até ao primeiro penálti ou lance polémico durante um encontro do campeonato português. No final dos jogos, os jogadores e treinadores dão as suas explicações, ao passo que por parte das equipas de arbitragem impera o silêncio mesmo quando as mulheres e homens do apito acabam por ser tema em debates e conversas após o término dos encontro.

Num olhar à arbitragem, Jorge Coroado, antigo árbitro internacional português, diz que é preciso perceber a realidade atual e pesar na comparação com aquilo que era a realidade há umas décadas atrás. No tempo do videoárbitro em que todos os lances são analisados ao milímetro e discutidos durante horas em debate, Jorge Coroado olha para o tempo em que apitava jogos e fala num tempo de libertação.

"Os anos oitenta/noventa não lixaram quem se entregou à arbitragem, antes, sim, libertaram-nos dos estereótipos da classe", afirmou Jorge Coroado.

Em artigo de opinião que assina nas páginas do jornal O Jogo, o antigo árbitro fala da forma como naquele tempo os árbitros encaravam esta forma de estar no desporto.

"As vivências daquele tempo ensinaram que os verdadeiros homens não se juntam a grupos de apoio", destacou Jorge Coroado, deixando um conselho em jeito de aviso ao determinar que já naquele tempo pairava na arbitragem uma certeza que o acompanha no pensamento.

"Naquele tempo percebeu-se que o centro do poder é por definição um porto de abrigo para lunáticos e respetivos comportamentos", salientou o antigo árbitro de futebol Jorge Coroado.

O trabalho das equipas de arbitragem merece a cada temporada uma profunda discussão entre treinadores, dirigentes, jogadores e antigas figuras dos clubes nacionais.

Seja na imprensa escrita ou falada, o tema da arbitragem é de modo comum abordado. Muitos são os lances de uma jornada que se prolongam na discussão da semana seguinte e até mesmo nos meses e até anos.

Não raras vezes, alguns árbitros ficam 'marcados' por decisões tomadas dentro das quatro linhas e acabam por ter de 'carregar' uma vida inteira o descontentamento dos adeptos que se sentem prejudicados por este ou aquele penálti assinalado, por este cartão mostrado ao jogador do clube ou não mostrado ao emblema adversário.

A verdade é que nos últimos anos, a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) tem estado particularmente ativa na apresentação de queixas contra protagonistas dos clubes e sempre que esta entidade entende que a honra dos árbitos é colocada em causa tem vindo a recorrer para o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol.