Prolongamento
"Ameaçaram-nos se não fôssemos a Lisboa. Não faz mal, descemos de divisão"
2021-06-16 09:55:00
Pinto da Costa conta episódio em que quiseram mudar a final da Taça de Portugal das Antas para a capital

Pinto da Costa está na presidência do FC Porto há quase quatro décadas e durante os anos de liderança que leva tem vindo a travar diversas 'batalhas' na defesa do emblema nortenho. No documentário Ironias do Destino, no Porto Canal, o presidente dos dragões revela o momento em que o FC Porto foi ameaçado com a descida de divisão por causa de um jogo da Taça de Portugal que a organização queria realizar na capital, depois de estar agendado para o Estádio das Antas.

O presidente dos azuis e brancos recorda o tempo em que a Federação Portuguesa de Futebol quis avançar com uma rotatividade na marcação da final da Prova Rainha. Em 1983, a final da competição estava agendada para o Estádio das Antas, algo pelo qual Pinto da Costa pugnava. O líder dos azuis e brancos lembra que "havia um princípio, sem nada estar escrito" de que a final da Taça de Portugal "tinha de ser sempre em Lisboa".

Só que nesse tempo, Silva Resende, à data presidente da Federação Portuguesa de Futebol, quis mudar esta lógica e, segundo conta Pinto da Costa, agendou a final da Taça de Portugal para o anfiteatro portista, entretanto demolido.

"Com o decorrer da prova, o FC Porto foi passando as diversas eliminatórias e quando se aperceberam de que o FC Porto era um dos finalistas, resolveram mudá-la do Porto para Lisboa", conta Pinto da Costa, que na altura discordou da situação, uma vez que o palco da final estaria marcado há muito.

Desagradados com a mudança de palco para a final da Taça de Portugal, os portistas, segundo conta Pinto da Costa, foram ainda ameaçados com descida de divisão caso não fossem à capital disputar o jogo.

"Ameaçaram-nos que, se não fôssemos a Lisboa, éramos derrotados, que descíamos de divisão... E eu disse: não faz mal, descemos de divisão", recorda Pinto da Costa.

Por essa ocasião, o presidente do FC Porto convocou uma Assembleia Geral para que fossem os sócios portistas a tomar a decisão. "Por unanimidade, foi decidido que, acontecesse o que acontecesse, não nos podíamos sujeitar a esse ridículo argumento e que não devíamos comparecer no estádio de Oeiras".

Pinto da Costa realça que essa tomada de posição dos associados do FC Porto permitiu ao país do futebol perceber que "Portugal não podia continuar a ser só Lisboa", até porque ocorriam "coisas que eram absolutamente absurdas".

Entre as críticas sobre aquilo que era a Federação Portuguesa de Futebol e o que é atualmente, Pinto da Costa conta ainda que nos anos passados a presidência era rotativa entre clubes lisboetas.

"Podia não ter capacidade, mas era rotativo: um mandato era do Benfica, no seguinte do Sporting e no outro do Belenenses", afirmou Pinto da Costa, lembrando o "trabalho brilhante" que atualmente vem sendo feito por Fernando Gomes, antigo vice-presidente do FC Porto, na liderança da Federação Portuguesa de Futebol.